A TIP Brasil tem atualmente 160 operadoras móveis virtuais em seu portfólio. Em conversa com Mobile Time durante o Encontro Nacional da Abrint, Carlos Eduardo Rattis, Head de MVNO da companhia, explicou que ainda tem 140 mil chips SIMCard white-label produzidos para atender ISPs e marcas que oferecem rede celular no País.

Além disso, a companhia também tem oito redes privativas que funcionam na faixa de 700 MHz, homologadas pela Anatel, mas apenas para dados. O head da empresa de telecomunicações explica que o SIMCard funciona para rede privativa e pública, um projeto que foi batizado internamente como ‘Valhalla’.  Seu fornecedor de equipamentos é a Khomp.

Criada do acrônimo ‘Tudo por IP’, a companhia tem 20 anos de mercado e evoluiu da oferta de telefonia fixa, para TV, streaming e, agora, cresce com a rede móvel. As parceiras plugadas para oferecer as redes públicas às MVNOs são Surf Telecom e Americanet (rede TIM) e a partir desta semana a Telecall (rede Vivo).

A companhia também atua no mercado de IoT Industrial. Rattis lembra que a TIP Brasil tem a Jump em seu grupo, que atualmente é administrada por José Luiz Pelosini (ex-Americanet). Embora esteja focada no agronegócio, a Jump também tem dispositivos conectados próprios para indústria e cidades inteligentes.

Estratégia da TIP Brasil

O executivo afirmou que a estratégia da TIP para os ISPs avançarem na rede celular é baseada no jogo “Banco Imobiliário”. Assim como no jogo de tabuleiro, o jogador compra um terreno e cresce sua receita com casinhas e hotéis, no universo de telecom a TIP indica para o pequeno provedor avançar com o modelo de MVNO no lugar de gastar até R$ 700 mil para avançar com mais fibra ótica em um bairro e disputar por cliente com outro ISP ou até com as grandes operadoras.

“O ISP desbravou o interior do Brasil com a Internet Fixa. E agora começa a crescer com rede móvel”, disse Rattis. De acordo com dados da companhia, a receita média por usuário salta de R$ 68 com banda larga fixa para R$ 120 com mobile (em uma conta com três chips por residência). Se adicionar o combo fixo mais o móvel, o valor do ARPU chega a R$ 240. “Eles triplicam o seu tíquete médio”, completa.

Essa estratégia de “Banco Imobiliário” também tem como objetivo blindar as pequenas operadoras do avanço das médias que miram crescer com fusões e aquisições. Rattis também afirma que o fato de triplicar o tíquete médio na base dos ISPs pode colaborar para quando um player médio ou grande vier fazer uma proposta, pois o seu valor de mercado sobe.

O head de MVNO da TIP Brasil afirmou ainda que o seu diferencial é comprar o serviço de conectividade no atacado, não no varejo. O que permite ofertar pacotes menos custosos e em prateleira (começando em 5 GB por mês). A companhia ainda oferece SVAs com Skeelo, Sky+, além de WhatsApp e Waze (a depender dos planos).

Futuro

Rattis afirmou que acredita que no futuro as operadoras móveis virtuais deverão caminhar para um modelo de “multioperadora”, inclusive adicionando suas operações locais com rede privativa. Mas acredita que o segmento pode crescer mais se a Anatel permitir que os pequenos provedores usem os seus próprios links (para fazer a conexão móvel) para diminuir os gastos com investimentos em conetividade celular e fazerem o off-load das redes (da pública para a privada). Essa estratégia visa principalmente o aumento do consumo de dados com o avanço do 5G e a evolução das redes com a chegada do edge computing.

Imagem principal: Henrique Medeiros, Mobile Time (à esq.); e Carlos Rattis, TIP Brasil (foto: Wilians Geminiano/TIP Brasil)