A Begen é uma spin-off da Benext, uma empresa de sete anos no mercado de voice apps e que se transformou em uma das grandes desenvolvedoras de IA para a Alexa. Em 2022, quando surgiu a OpenAI, a empresa se viu no meio de um tsunami e os sócios Daniel Deivisson e André Uchoa resolveram pivotar a companhia. Criaram a Begen, onde são co-CEOs, uma integradora de inteligências artificiais.

Os executivos apostam na seguinte teoria: é impossível buscar uma única solução de IA que seja plug and play. “IA não é plug and play”, ressalta Deivisson. “Tem que desenvolver, tem que ter cientista de dados, tem que ter linguista. É preciso treiná-la’, continua. Há muitos modelos de IA no mercado e as empresas não conseguem resolver suas dores com apenas um modelo. “Normalmente são dois, três em conjunto com algumas técnicas. Este é o panorama do mercado”, resume Deivisson.

Os executivos perceberam essa situação e viram que faltava uma ferramenta que auxiliasse as empresas no processo de integração desses diferentes modelos. Longe de ser plug and play, a proposta da Begen é entender as dores de cada indústria e normatizar em camadas no code as soluções e inteligência artificial utilizadas, de modo que essas empresas possam gerenciar seus projetos de IA em uma única plataforma. “Somos agnósticos. O importante é entregar a solução integradora”, explica Davisson.

“Existem empresas com mais de 15, 20 iniciativas em IA acontecendo ao mesmo tempo. Isso é ingerenciável”, afirma Uchoa. “As pessoas não sabem qual modelo está sendo usado, qual dado está sendo treinado”, diz. “Temos uma visão holística para normatizar e gerenciar as iniciativas de IA de maneira simples usando o no code”, complementa.

Educação: primeiro segmento testado pela Begen

A primeira vertical a ser atendida foi a de educação, com o cliente Escola 24 Horas, uma empresa produtora de conteúdo para a educação básica, que conta com 7 mil escolas atendidas pelos seus serviços, totalizando 2 milhões de alunos. Ainda com a ferramenta em fase de testes, a Begen treinou diferentes grandes modelos de linguagem com uma camada no code, sendo um módulo para o professor e outro para o aluno.

As soluções usadas auxiliam o professor, oferecendo sugestões de exercícios para ganhar tempo em sala de aula e a IA também auxilia no tempo de mentoria para os alunos. Coube à Begen treinar o modelo Gemini, do Google, para o texto – no auxílio de desenvolvimento de testes e de correção desses testes.

“A IA já sabe que a resposta para a dúvida está na página tal e ela vai buscar rapidamente. Isso reduz o tempo, o custo e aumenta a eficiência”, diz Uchoa.

A solução está em fase de validação dos modelos e estão sendo feitos ajustes do controle de qualidade em função das respostas. “A acurácia dos modelos fundamentais para educação é muito baixa, cerca de 40%. Na hora de tirar dúvida é muito ruim. Estamos aumentando a acurácia das respostas com ajuda da Escola 24 horas e queremos chegar na acurácia de um professor”, completa.

A solução voltada para a educação deve ser lançada oficialmente ainda este ano.

Finanças

O setor financeiro também pode se beneficiar da plataforma da Begen. A inteligência artificial auxilia na gestão dos recursos e pode fazer tarefas repetitivas.

“Queremos entender quais setores têm dores parecidas para normatizar tudo isso de modo que essas verticais possam usar a ferramenta”, resume Deivisson.

A solução da Begen para o mercado financeiro pretende organizar as informações disponíveis para os assessores financeiros. A ideia é estruturar os dados de documentos. A IA ajuda na leitura desses dados não estruturados, ou semi, e, dessa forma, o consultor tem mais facilidade em fazer projeções e cálculos para orientar a tomada de decisão em investimentos.

Agronegócio

A outra indústria que começa a ser atendida com a plataforma no code de IA é a agroindústria. “Fechamos uma parceria com a maior base de dados fechada da agricultura brasileira”, comenta Uchoa.

No caso do agronegócio, a Begen reuniu 28 anos de dados – a empresa cliente presta consultoria para o agronegócio e atende várias fazendas no Brasil – e juntou com dados da Embrapa e sobre o clima.

Modelo de negócios

No momento, a Begen utiliza o SaaS como modelo de negócio. “Mas estamos validando com cada uma das verticais qual o modelo que faz mais sentido para cada um”, resume Uchoa.