A Competition and Market Authority (CMA) do Reino Unido liberou a operação entre Amazon e Anthropic, uma vez que não encontrou motivos para seguir com a investigação. De acordo com decisão publicada nesta sexta-feira, 27, o investimento de US$ 4 bilhões não implica em influência direta da big tech na startup do grande modelo de linguagem (LLM) e aplicativo inteligência artificial generativa, o Claude (Android, iOS).

Na transação feita em março deste ano, a Amazon oferece acesso à nuvem AWS, hardware, armazenamento e serviços para a equipe da Anthropic, além de oferecer o LLM e modelos de fundação da startup no Amazon Bedrock. Em contrapartida, a Anthropic usará a AWS como principal cloud e colaborará no desenvolvimento dos chips Tranium e Inferentia, da AWS.

Mas o que chamou a atenção do regulador para avaliar se a operação permitia à Amazon ter influência direta na empresa e em sua tecnologia foram duas cláusulas com garantias dadas pela Anthropic:

  1. Direito de consulta sobre questões comerciais da empresa, inclusive com a possibilidade de aconselhar e endereçar ações;
  2. Direito de primeiro aviso sobre qualquer mudança de controle na empresa (ou seja, uma cláusula para evitar imbróglios como a saída e o retorno de Sam Altman na OpenAI) e o direito de a Amazon fazer uma contraproposta em período determinado, caso a empresa receba uma proposta de compra;

Pouco mais de um mês após o começo de sua análise prévia, o CMA liberou o investimento sem enxergar a influência na ‘quase fusão’ (quasi-merger, no original em inglês).

Contudo, o órgão britânico, similar ao brasileiro Cade, afirmou que a operação não trouxe alerta de possível risco de competição, pois a presença da Anthropic no Reino Unido tem um volume de negócios abaixo de 70 milhões de libras esterlinas e junto com a Amazon não representa sequer 25% ou mais do fornecimento de qualquer descrição ou bens de serviço no País.

Esta não é a primeira liberação do regulador a aportes de grandes empresas em startups de IA generativa. A Microsoft foi liberada em duas operações: a compra/contratação de executivos da Inflection e o investimento para adquirir parte da Mistral AI.

Ainda está em curso uma averiguação sobre um investimento de outra big tech na Anthropic, o Google, que teria injetado US$ 2 bilhões na companhia também em março de 2024.

Imagem principal: Arte de Nik Neves para Mobile Time