Uma pesquisa qualitativa realizada com jovens da periferia nas cidades de São Paulo, São Bernardo do Campo e Diadema indica que ter um smartphone top de linha está entre as prioridades de consumo desse público. "Eles querem o melhor. Não serve um produto mais barato, com tela menor, feito para eles. Muitos gastam o primeiro salário inteiro para comprar um smartphone top de linha", relata Andrea Costtanzi, diretora da Di Capire, empresa que realizou a pesquisa.
Os cortes para a escolha dos entrevistados foram a idade (15 a 24 anos), a localização geográfica de sua moradia (periferia de São Paulo) e o desejo de compra de um produto eletrônico este ano. O smartphone foi o produto mais citado como prioridade número 1 pelos jovens. "Eles não economizam no valor do aparelho. Vão até uma loja de departamentos e compram parcelado", relata. Entre as razões para esse desejo está o fato de o smartphone ter se transformado em um símbolo de status social. "É uma maneira deles se diferenciarem", explica. Alguns dos entrevistados usam como sua foto de perfil no Facebook uma imagem sua segurando o celular. Um dos entrevistados contou ter gasto mais de R$ 2 mil em um smartphone e depois não tinha dinheiro para comprar crédito.
É comum esses jovens terem mais de um aparelho: geralmente um top de linha, para exibir, e outro mais simples dual-SIMcard, para economizar nas chamadas intranet, já que todos usam planos pré-pagos. Na agenda de contatos, os nomes dos amigos são gravados tendo como sobrenome a marca da operadora celular. Um garoto contou que perto de casa usa um celular barato, enquanto na faculdade exibe um smartphone top de linha. As marcas mais desejadas são Apple e Samsung.
Mas por que um smartphone e não uma câmera de vídeo ou um computador? Como não podem ter todos, preferem um smartphone, que é um pouco de tudo, explica Andrea.