Os movimentos sociais europeus estão sem mobilizando… no sentido tecnológico. Quem acessa por trem o centro de convenções onde acontece esta semana o Mobile World Congress (MWC) em Barcelona nota nas paredes pelo caminho que leva à estação cartazes com um QR code impresso e a pergunta em inglês: "O que está acontecendo na Catalunha?". Quando escaneado, o código leva a uma página produzida por uma entidade chamada Òmnium, que defende a soberania da Catalunha. Toda em inglês, o que demonstra a intenção de comunicar-se com o público do evento, a página descreve a região da Catalunha e a luta de seus habitantes por autonomia política, cultural e econômica em relação à Espanha, além de alguns vídeos com protestos recentes organizados pelo movimento nacionalista. Em uma carta aos participantes da feira, escrevem: "Barcelona é a capital da Catalunha, nação com 7 milhões de habitantes e com PIB per capita que rivaliza com países como Finlândia e Reino Unido. A Catalunha tem sua própria língua, cultura e história, que existem desde o século 10. Apesar de a Catalunha atualmente fazer parte da Espanha, hoje a maioria dos catalães é a favor de organizar um referendo para decidir se a Catalunha deveria se tornar um novo estado europeu". O desejo se reflete nas janelas da cidade, onde podem ser vistas muitas bandeiras da Catalunha.
Manifestações
O MWC é tradicionalmente marcado por manifestações de movimentos sociais. No ano passado, houve protestos com milhares de pessoas na saída da feira reclamando da situação econômica da Espanha, onde cerca de metade dos jovens entre 18 e 25 anos estão desempregados. Em um dos dias de protesto, os organizadores da feira precisaram desviar a saída dos visitantes pelos fundos, para que não vissem o protesto. Em anos anteriores era comum também a presença de manifestantes alertando para o risco à saúde associado ao uso do celular e contra a instalação de antenas nas cidades.
Na edição deste ano o único protesto até agora foram os QR Codes do movimento nacionalista catalão pregados na parede. O enfraquecimento das manifestações pode estar relacionado à mudança do local do evento, agora em um espaço de convenções mais distante do centro de Barcelona.