Geralmente a experiência com jogos em dispositivos touchscreen se resume a passatempos com mecânica simples do tipo Angry Birds, o que acaba distanciando a plataforma dos jogadores mais exigentes. Mas há algumas exceções, como o Real Racing 3, da desenvolvedora FireMonkey e publicado pela gigante do setor Electronic Arts para iPhone, iPod touch, iPad e aparelhos Android. O título de corrida de carros de passeio traz os mais belos gráficos para handsets, permite uma profundidade nos detalhes de gerenciamento dos veículos e ainda conta com uma jogabilidade que se aproxima da perfeição para a interface restrita a toques na tela.

Só que existe uma grande distração: o sistema freemium. A expressão é uma junção das palavras “free” e “premium”, e denota que o aplicativo traz uma experiência de títulos grandes e bem acabados sem nenhum custo inicial, mas traz conteúdos que são desbloqueados com compras dentro do app (“in-app purchase”, ou IAP). No caso do Real Racing 3, eles até podem ser acessados gratuitamente, mas é preciso ter muita paciência, o que acaba interferindo na diversão.

Isso acontece porque os automóveis sempre precisam de manutenção. Há níveis de troca de óleo, de fluido de freio e de pneus, por exemplo, que se desgastam a cada prova. Além disso, as corridas geralmente envolvem grandes quantidades de carros (entre 22 e 12), com o jogador sempre largando da última posição, e ultrapassar os adversários sem bater é bem difícil. Claro que cada dano significa despender mais dinheiro virtual e mais tempo de espera para o conserto. A única forma de agilizar o processo é com os IAP.

Próximo a consoles

Fora isso, Real Racing 3 segue a jogabilidade dos dois episódios anteriores, mas com um sistema multiplayer offline que registra o desempenho dos jogadores e combina com inteligência artificial para sempre colocar oponentes “reais”, mesmo que não seja em tempo real. A novidade, chamada de “Time Shift Multiplayer”, garante que o comportamento dos adversários seja sempre imprevisível, como em corridas reais. E é possível disputar corridas com contatos do Game Center (no iOS), embora nunca em tempo real.

Os controles também estão mais refinados. Quem não quer uma experiência muito casual com o acelerador e freios automáticos pode desligar todas as assistências e sentir mais o controle do carro. Claro que a estabilidade e o comportamento do veículo não chega ao nível de simulador, aproximando-se mais de uma experiência “semirrealista” como a dos jogos Gran Turismo, para PlayStation 3, e Forza Motorsport, para Xbox 360.

Realismo

Aliás, o título da FireMonkey também se aproxima de consoles em termos gráficos. Apesar de não ser tão complexo ou fluido, é bem feito o bastante para confundir os desavisados. Efeitos como reflexo na lataria do carro, espelho retrovisor em tempo real, iluminação, textura e física dos veículos impressionam ainda mais quando se pensa que isso tudo está rodando em um celular.

Real Racing 3 ainda tem diversos campeonatos que misturam corridas de duas ou três voltas, desafios de velocidade máxima, competição de aceleração do tipo dragster e provas exclusivas de um modelo de carro. Com circuitos reais (como Spa Francochamps, Suzuka e Laguna Seca), grandes marcas automotivas (como Audi, BMW e Lamborghini) e diversão de gente grande, o aplicativo é obrigatório para quem gosta de corridas. Infelizmente, o modelo freemium pode afastar até mesmo os maiores entusiastas. Como é de graça, vale a pena testar.

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