Depois de usar tantos serviços americanos, europeus e israelenses (Skype, ICQ) de comunicação, fiquei curioso em conhecer um app de bate-papo que não fosse de origem judaico-cristã-ocidental. O app, no caso, é o chinês WeChat, que contratou Lionel Messi como garoto propaganda e botou anúncio no comercial do Jornal Nacional semana passada.
O WeChat merece aplausos logo de saída só pelo fato de ser realmente universal e interoperável, com versões para todas as principais plataformas móveis (Android, iOS, Windows Phone e BlackBerry), o que é raro hoje em dia, em razão do custo para desenvolvimento. O app conta com 300 milhões de usuários, dos quais 230 milhões estão na China. E agora vem tentando se internacionalizar. Acredito que já tenha sido mais difícil para uma empresa chinesa se adaptar aos gostos culturais do ocidente. Lembro dos celulares ultracoloridos e espelhados de dez anos atrás que não davam certo fora da China. Hoje é diferente, eles sabem muito bem o que vende e o que não vende do outro lado do mundo. O WeChat é um bom exemplo disso. O app é intuitivo e fácil de usar. No cadastro, o usuário é imediatamente associado à linha telefônica, sem requisição de criação de senha (o que é um trabalho a menos). Os contatos do telefone e do Facebook são puxados automaticamente. O app permite abrir telas de bate-papo por texto, mas também por voz e por vídeo, além da publicação de fotos no perfil de cada um, que é público.
Algumas ferramentas se destacam. Uma delas é a possibilidade de conversar com estranhos, lembrando velhos serviços da web, como ICQ e mIRC, só que agora associado à mobilidade. Pode-se buscar uma pessoa que esteja próxima a você. O mais legal, contudo, é usar a ferramenta de agitar o telefone para encontrar outra pessoa em alguma parte do mundo que esteja também chacoalhando o aparelho na mesma hora em busca de bate-papo.
Outra ideia bacana: o app cria um QR code personalizado para cada usuário, que serve para que seja adicionado por outras pessoas em suas listas de contato. Assim, ninguém precisa digitar longos nomes de usuários.
São poucos os sinais de que o app foi feito para o mercado chinês. Um deles é a possibilidade de buscar os seus contatos no QQ, rede social local, e mostrar para todo mundo o seu "Tencent Weibo", perfil em um microblog da China.
Só falta uma coisa para o WeChat: conquistar público. Poucos dos meus contatos estão no app, o que tira um tanto da graça. Mas se contratar o Neymar na próxima campanha, vai bombar.