A Blackberry começa a colher os frutos da sua estratégia em abrir centros de tecnologia dentro de universidades brasileiras para estimular o desenvolvimento de aplicativos móveis para seu novo sistema operacional, o Blackberry 10. Em menos de um ano desde a inauguração do primeiro laboratório, localizada na UFAL, em Maceió, mais de 70 apps nasceram dentro desses centros de tecnologia. E outros 80 vieram de fora e receberam apoio técnico nos laboratórios, somando um total de 150 apps beneficiados pela iniciativa. A Blackberry mantém quatro tech centers no Brasil. Além da UFAL, há unidades na UFPE, em Pernambuco; na USP, em São Paulo; e na PUC-Rio, no Rio de Janeiro, última a ser inaugurada, em cerimônia realizada na semana passada.
Alguns dos aplicativos criados dentro dos centros de tecnologia merecem destaque pela inovação. Um deles é o Rabiscapp, desenvolvido pela unidade da UFPE. Trata-se de um aplicativo para a protipação de outros apps. A ideia é testar um protótipo antes mesmo de se escrever uma única linha de código. Isso é feito através de desenhos das telas. O layout é desenhado no papel e fotografado pelo app. Depois, os testadores são convidados a navegar pelas telas fotografadas e o Rabiscapp monitora para onde olham e aonde tocam, gerando um relatório que permite aperfeiçoar o layout, antes de iniciada a programação efetiva do aplicativo.
Outro case bem sucedido é o do GAP (Graphical Aid Plus), uma ferramenta para auxiliar o desenvolvimento de aplicativos em BB10 através de HTML5. "Normalmente seria preciso seguir vários passos que são um pouco penosos, não são triviais. O pessoal do GAP mapeou os problemas e criou uma ferramenta visual que reduz em 80% o tempo de desenvolvimento", relata Demian Borva, executivo da Blackberry responsável pelos projetos de tech centers. O GAP vai ser adotado como uma ferramenta oficial da Blackberry e será lançada mundialmente em uma feira da empresa em setembro na Ásia.
O executivo destaca ainda um app para gerenciamento de start-ups e outro para acompanhamento de horas trabalhadas por profissionais liberais, como advogados, por meio da leitura de tags NFC. Este último se chama Wotando.
"Estamos criando uma cultura dentro dos tech centers de inovação em cima de problemas reais", explica Borba. Por sinal, a empresa promoveu um concurso no Brasil para receber sugestões de problemas a serem resolvidos por apps, aberto à participação de qualquer pessoa. Foram recebidas mais de 450 sugestões, que agora estão sendo analisadas e algumas delas trabalhadas dentro dos tech centers. A propriedade intelectual sobre os apps desenvolvidos nos laboratórios pertence 100% aos seus criadores, informa o executivo.
A recente notícia de que a Blackberry poderá ser vendida não atrapalha o projeto, garante Borba. "Internamente continuamos extremamente animados. Não tem motivo nenhum para a gente se preocupar. Não afeta em absolutamente nada".