O mercado de pagamentos móveis no Brasil enfrenta a heterogeneidade da população: de um lado, existem as pessoas com contas bancárias, usuárias de smartphones e mais propícias a experimentarem novas tecnologias. De outro lado, uma grande maioria da população que não tem conta bancária, mas possui celulares mais simples, os chamados feature phones.
A Visa está apostando nos dois grupos para oferecer soluções no País. O serviço Mobile Prepaid permite transações por celulares via USSD e SMS e a previsão é de que chegue em breve no Brasil, já que funcionou muito bem em países africanos, segundo o gerente mobile da Visa, Daniel Andrade. Outro foco da empresa é o pagamento pela tecnologia de comunicação de campo próximo (NFC). “Hoje existem 650 mil pontos de aceitação sem contato no Brasil, que já estão preparados para receber pagamentos por NFC. A expectativa é que 1 milhão de terminais sejam instalados até o final do ano”, disse o executivo durante painel do Fórum Mobile+ nesta terça-feira, 24, em São Paulo. O alvo da solução por NFC serão pagamentos de baixo valor, nos segmentos de alimentação, transporte público e estacionamentos. “Estamos em trial com três bancos no Brasil e a expectativa é que o lançamento comercial seja em 2014”, disse Andrade.
A Movile e a MFS, por sua vez, apostam em soluções para a população não bancarizada, que promete ser o grande potencial para esse mercado nos países emergentes. Enquanto a joint-venture entre Telefónica e MasterCard está trabalhando com o Zuum, que permite a transferência de dinheiro entre contas do serviço e recarga de celulares Vivo, a Movile oferece pagamentos móveis para a área de entretenimento por carrier billing.
Regulamentação
Durante o Fórum Mobile+, os painelistas discutiram também a importância da regulamentação dos pagamentos móveis no País. “O governo viu nesse mercado a oportunidade de agregar valor para as operadoras e retroalimentar o ciclo de telecom, além de ser uma forma de promover a inclusão financeira”, disse Marcelo Ferreira, gerente de projeto da secretaria de universalização do Ministério das Comunicações. Segundo ele, o texto da Medida Provisória 615/13, que cria regras para os pagamentos móveis, se inspirou na legislação europeia e a expectativa é de que a regulamentação do Banco Central também esteja alinhada com o mercado internacional.
“A regulamentação é necessária para a segurança e solidez dos clientes e do mercado em geral. E a interoperabilidade é um ponto importante. Não vejo chance de cada player sobreviver sozinho”, opinou Eduardo Abreu, da MFS.