Um inventor norte-americano está em uma cruzada nos EUA para alertar sobre os possíveis riscos do da radiação emitida pelos telefones celulares. Harry Lehmann, CEO da Green Swan, criou um acessório batizado de "cell spacer", ou, em uma tradução livre, "afastador" de celular. Ele é uma espécie de fone de ouvido conectado a um clipe que mantém o aparelho a uma distância de 2,5 cm da cabeça do usuário. Não se trata de paranoia, garante Lehmann, em entrevista por telefone a MOBILE TIME, mas atendimento a uma recomendação prevista nos próprios manuais dos telefones celulares. "Aqui nos EUA os fabricantes são obrigados a informar no manual que o produto deve ser usado a uma distância de 1,5 cm do corpo. Não sei como é no Brasil", disse. Este noticiário encontrou o mesmo alerta escrito em português no manual do Samsung Galaxy S4, logo na segunda página, como mostra a imagem abaixo.

O produto acabou de ser lançado e está à venda na Amazon por US$ 11,95, mas encontra dificuldades de distribuição em lojas físicas nos EUA. "Estou indo pessoalmente nas lojas para negociar. Fizemos contatos com alguns distribuidores, mas não houve interesse. A resposta costuma ser o silêncio. E às vezes há hostilidade", relata Lehmann.

À primeira vista, o afastador de celular parece desconfortável e feio. Em certa medida, faz lembrar a sensação que havia em torno dos capacetes de bicicletas duas décadas atrás: é um item de segurança, mas quase nenhum adolescente queria usar. Lehmann responde a essa crítica da seguinte maneira: "O cérebro é mais importante que a moda. Tenho certeza que uma parcela do público vai entender isso".

Radiação

Hoje os smartphones têm várias antenas internas capazes de transmitir simultaneamente em diversas frequências usando tecnologias como Wi-Fi, Bluetooth, GSM, NFC etc. Essa radiação é do tipo não ionizante, o que significa que não tem a capacidade de ionizar átomos, logo, de quebrar ligações químicas, mas é capaz de esquentar, como acontece em um forno de microondas. Ou seja, seria uma radiação sem grande perigo, mas a verdade é que os efeitos do uso prolongado de telefones celulares sobre a saúde humana ainda estão sob estudo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa o seguinte em seu site: "Embora um aumento do risco de tumor no cérebro pelo uso de telefones celulares não tenha sido verificado, o crescente uso desses aparelhos e a falta de dados sobre sua utilização por períodos superiores a 15 anos demandam mais pesquisas sobre o tema. Particularmente, devido à popularidade dos celulares entre os jovens e a consequente exposição em potencial por toda uma vida, a OMS está promovendo mais pesquisas junto a esse grupo."

Enquanto a OMS não tem uma posição definitiva sobre o assunto, Lehmann cita uma série de estudos de cientistas nos EUA e na Europa que indicariam a existência de riscos para saúde ocasionados pelo uso prolongado de celulares junto ao corpo, incluindo câncer e infertilidade. Ele afirma ter perdido nos últimos anos quatro amigos com tumor no cérebro e acredita que a causa possa ter sido o uso intensivo de celulares. "Não somos insetos, somos humanos. Não nascemos com antenas", compara.

Fone de ouvido

Mas por que usar o "cell spacer" e não um fone de ouvido com fio ou um headset Bluetooth? O inventor argumenta que qualquer fio conectado a uma fonte de radiação acaba funcionando como uma antena. E no caso de um fone sem fio há a radiação da transmissão pela frequência do Bluetooth. O recomendável seria só ligar o fone sem fio durante as ligações. Entretanto, ele admite que tanto o fone com fio quanto o sem fio diminuem a exposição à radiação, ou seja, é melhor usá-los do que ficar com o telefone encostado na orelha.

Alerta no manual do Samsung Galaxy S4

 

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