Um grande destaque da CES 2014, que acontece esta semana em Las Vegas, é a já antecipada tendência de dispositivos vestíveis, ou wearable devices, o que compreende uma gama muito grande de aplicações, desde saúde, bem estar, fitness até tecnologias de segurança, rastreamento, alerta, entre outros. É gigantesca a quantidade de pulseiras e pastilhas com sensores que estão sendo lançadas, mas o debate sobre wearable devices vai além. E a principal pergunta é: as pessoas usarão uma pulseira conectada uma semana depois de comprarem? Ou, em outras palavras, o que faz com que os dispositivos vestíveis sejam tão essenciais quanto são hoje os smartphones? Como contornar o problema da constante necessidade de carregamento elétrico dos dispositivos? Quanto tempo e em que grau esse tipo de dispositivo se popularizará?
Um dos debates realizados durante a CES trouxe algumas reflexões feitas por empresas que estão diretamente envolvidas no desenvolvimento desse tipo de tecnologia. Para o CEO da MisfitWearables, Sonny Vu, a primeira grande preocupação é o quão invasivas essas tecnologias podem ser. Afinal, poucas coisas são tão pessoais quanto a roupa.
Para o líder da área de dispositivos médicos da IBM, Stephen Pierce, existe a possibilidade de que no futuro as pessoas tenham mais de um dispositivo conectado sendo usado pelo corpo, seja de monitoramento ou rastreamento. Chis Massot, CMO da Synapse, lembra que existe também a questão do designe e da aparência, que não podem ser negligenciadas.
Para que os wearable devices sejam usados o tempo todo, e não apenas nos dias seguintes à aquisição, o essencial é que eles passem a desempenhar funções essenciais, como a substituição de chaves, cartões de crédito ou documentos de identidade. O problema que essa é uma briga que os dispositivos terão com os próprios handsets, que também buscam assumir esse papel. Além disso, existe a questão da segurança.
Para o CTO da Heapsylon, Mario Esposito, muitas pessoas usarão algum tipo de sensor ou mecanismo de rastreamento conectado ao celular sem ao menos saber que isso está acontecendo.
Outro problema é o da energia. Aliás, alguns dispositivos, com o relógio inteligente Toq, da Qualcomm, são criticados justamente por necessitarem de carregadores específicos. E mesmo que isso seja resolvido por carregamento indutivo (sem fio), ainda assim há o problema das baterias. Para Vu, a tecnologia de baterias finalmente começou a apresentar avanços importantes e certamente se falará em breve em dispositivos que podem ficar de stand-by por 500 horas. "Mas se você quiser o GPS ativado ou o monitor cardíaco funcionando o tempo todo, não é esse o limite que teremos, com certeza", diz.
Afinal, com tantos problemas ainda em perspectiva, qual o futuro dos dispositivos vestíveis? Para Stephan Pierce, da IBM, em geral, qualquer nova espécie de tecnologia leva de três a quatro gerações até achar a aplicação que garantirá a sua sobrevivência e sucesso comercial. "Eu diria que os dispositivos vestíveis estão na segunda geração, então ainda veremos muita coisa pela frente", diz.