A indústria móvel conviveu ao longo de toda a sua história com rivalidades entre padrões tecnológicos, como GSM X CDMA no 2G ou WiMAX X LTE no 4G, para citar dois dos casos mais emblemáticos. Por trás da disputa reside, obviamente, o interesse dos detentores das patentes de cada lado. Agora, uma nova peleja começa a dividir o mundo da mobilidade no que diz respeito à tecnologia para recarga sem fio. Há três grupos brigando pela preferência de fabricantes e consumidores, cada um com seu próprio padrão: Alliance for Wireless Power (A4WP), Wireless Power Consumption (WPC) e Power Matters Alliance (PMA). Os dois primeiros estão presentes com stands no Mobile World Congress (MWC) em Barcelona apresentando suas novidades.

O WPC é o mais avançado comercialmente, com mais de 40 milhões de devices vendidos no mundo, entre receptores e transmissores. O consórcio é composto por mais de 200 empresas, incluindo Nokia, Phillips, HTC, Samsung e LG, e a marca adotada para o consumidor final é a Qi (se pronuncia "Chi"). Sua primeira versão usa a recarga por indução, o que requer o contato entre o aparelho a ser recarregado e a superfície do transmissor de energia, que pode ser uma pequena bandeja, o painel de um carro ou até mesmo o forro de uma bolsa de mulher. A próxima versão, porém, adotará a recarga por ressonância magnética, o que permite transmitir energia para mais devices ao mesmo e a uma distância de até 80 milímetros. Isso acabará com eventuais problemas de recarga em telefones com capas muito grossas e tornará possível embutir o carregador no mobiliário de casas e estabelecimentos comerciais, como prateleiras e mesas de madeira. "Cabe ressaltar que os produtos atuais com tecnologia Qi serão compatíveis com a nova versão", informa Alexandra Zange, especialista sênior em desenvolvimento de novos negócios da Phillips.

A A4WP é mais recente e começou apenas em dezembro o seu processo de certificação de produtos, quando lançou também a sua marca para o consumidor final: Rezence. Fazem parte do grupo cerca de 90 empresas, incluindo Qualcomm e Dell, e também algumas que estão no WPC, como a Samsung, que precisa trabalhar com todos os padrões disponíveis, de forma a atender as recomendações de diferentes operadoras. A A4WP já utiliza a transmissão por ressonância magnética. No momento seu limite é de 22 watts, mas será expandido para 50 watts em uma nova versão em desenvolvimento. "Isso permitirá a recarga de aparelhos maiores, como laptops, o que atraiu a Dell para o grupo", explica Geoff Gordon, gerente sênior de marketing de produtos da Qualcomm. Recentemente a A4WP firmou um acordo com o terceiro grupo nesse disputa, o PMA, para a compatibilidade entre seus produtos certificados.

 

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