Há poucos dias ouvi de um amigo a seguinte frase: “do mainframe viemos, ao mainframe voltaremos”. Imediatamente passei a usá-la em entrevistas e conversas com colegas para explicar o que é a computação em nuvem. Sempre busco analogias para desmistificar o conceito de “cloud” e tentar aproximar as pessoas dessa nova tecnologia para que possam colher os benefícios. Recentemente escrevi sobre segurança na nuvem com a provocação “dinheiro no colchão ou no banco”. Hoje vamos falar de mainframe, que se assemelha tanto a computação em nuvem por ser um computador de grande porte, normalmente utilizado no processamento de um alto volume de informações por inúmeros usuários.

Eles surgiram na década de 40. Eram supermáquinas ocupando enormes salas. Eram caros e centralizados, mas capazes de oferecer serviços de processamento a milhares de pessoas conectadas através de terminais “burros” (com pouca capacidade de processamento). Com os primeiros mainframes surgiram as primeiras aplicações de virtualização, uma tecnologia aperfeiçoada ao longo dos anos e que hoje é indissociável do conceito de cloud computing. De forma simplificada, virtualização é um conjunto de softwares que permite agregar ou fatiar infraestrutura de TI, criando “servidores virtuais” com característica de processamento e storage na medida da necessidade de cada empresa.

Os mainframes surgiram para atender as necessidades de TI de grandes companhias – as únicas que podiam pagar seu alto investimento. Os ambientes computacionais eram geridos por mão de obra altamente qualificada e instalados em datacenters de primeira linha. Ter acesso a um mainframe era possuir uma Ferrari da tecnologia. Na computação em nuvem é muito parecido. Os recursos instalados em datacenters servem vários clientes, são geridos por especialistas e usam da virtualização, o que permite a construção de máquinas com capacidade quase infinita comparada às necessidades de um cliente típico. 

Uma das características do mainframe era o acesso remoto e simultâneo de grande número de usuários através de terminais “burros”. Nesta analogia, na computação em nuvem o acesso se dá por um terminal que isoladamente possui menos capacidade de processamento que o ambiente centralizado. Ao longo dos anos, evoluímos dos terminais burros para o processamento distribuído, quando estes terminais se tornaram mais “inteligentes” e se transformaram em computadores pessoais. Na ultima década voltamos a ter uma grande concentração nos núcleos e uma progressiva miniaturização dos terminais de usuários, trazendo o benefício da mobilidade. Entramos na era atual dos smartphones e tablets potentes, alavancados pelos softwares e aplicações disponíveis com o cloud computing.

A computação em nuvem nada mais é do que isso: maior mobilidade e acesso à capacidade computacional quase infinita em um modelo de contratação de aluguel de softwares e hardwares. É a chance de se beneficiar do suporte de especialistas e poder, por uma fração do preço, usufruir da infraestrutura de ponta que antes era privilégio apenas de grandes corporações que podiam investir nos supercomputadores. Do mainframe viemos e a ele retornaremos, mas de uma forma bem mais acessível. A nuvem diminui barreiras de entrada estendendo os benefícios da tecnologia da informação às pequenas e médias empresas também.

 

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