Após o lançamento do iPad em 2010, poucos aparelhos concorrentes conseguiram alguma expressividade no mercado. Mesmo com hardware equivalentes ao da Apple, o preço e a falta de um ecossistema de aplicativos moldados especificamente para os tablets com Android eram uma barreira. Aos poucos, isso foi mudando, especialmente com o lançamento do Nexus 7 e do Kindle Fire, que ofereceram a opção de tela de 7 polegadas (logo combatida com o iPad mini) e preços mais competitivos.

Hoje, o mercado está inundado com tablets Android para todos os gostos. Testei recentemente dois aparelhos destinados a públicos opostos no Brasil: o high-end Gradiente Tegra Note 7 e o low-end DL X-Pro. E, apesar de compartilhar o mesmo sistema operacional e o tamanho de tela de 7 polegadas, eles almejam agradar aos diferentes públicos e bolsos, mas sem abrir mão do desempenho.

O aparelho da Gradiente é equipado com o poderoso processador quad-core Tegra 4 da Nvidia e possui o preço competitivo de R$ 999, inferior ao do iPad mini (que custa oficialmente R$ 1.349,10, embora possa ser obtido em promoções por preços reduzidos). Ele tem um acabamento bonito e aposta no uso da caneta stylus com precisão na atualização na tela, apesar de o novo Surface 3 da Microsoft prometer entregar um desempenho melhor.

O tablet é muito bom no desempenho, inclusive com captura de câmera a 100 quadros por segundo. Jogos como Real Racing 3 rodaram suavemente no aparelho, e a transição de aplicativos ocorreu sempre sem engasgos. Nada disso é apenas impressão: o dispositivo conseguiu um placar de 34231 no benchmark do aplicativo AnTuTu, o que o colocou entre os primeiros aparelhos Android, como o Galaxy S4 e HTC One (a primeira versão).

Uma reclamação menor é a primeira experiência com o dispositivo. O Tegra Note 7 veio para testes com a versão KitKat 4.2 do sistema. Assim que se conectou ao Wi-Fi, o aparelho buscou a atualização 4.3, logo seguida pelo 4.4.2 no aparelho. Com isso, o tablet, que já era rápido, passou a ficar com um desempenho melhor para o processamento e para sua bateria. Mas não parou por aí: mais uma atualização over-the-air (OTA), dessa vez no que parece ser o firmware 2.1 do Tegra. E isso exigiu mais uma atualização, mas não foi a última. A OTA 2.3 veio e prometeu mais consertos de bugs, incluindo problemas com outros idiomas.

Acho que atualizações para o Android são mais do que válidas. Ou melhor, são necessárias. Trata-se de um recurso que não deveria ser barrado por fabricantes e/ou operadoras. Mas para uma primeira utilização ter que passar por tantas reinícios é um pouco frustrante. Seria bom poder tirar o Tegra Note 7 da caixa já com todos os softwares atualizados. De qualquer forma, é mais do que louvável o esforço da Nvidia e da Gradiente em oferecer ao consumidor a última versão do sistema operacional com rapidez incomum no mercado.

DL quem?

O tablet X-Pro da DL também vem com o Android KitKat, mas na versão 4.2. Ele traz como principal chamativo o processador dual-core Intel de 1,2 GHz, com o logotipo da Intel para endossar o aparelho. Isso tem um motivo: apesar de ser a maior vendedora de tablets do Brasil, a DL é uma marca pouco conhecida do consumidor final. A maioria das vendas é em redes de varejo popular, onde o que importa mais é o preço do aparelho, e não a marca. A parceria das duas empresas é uma tentativa de dar nome aos bois e permitir um crescimento nesse segmento de entrada.

O tablet em si possui características boas além da grife Intel, mas não sem problemas. Ele é um aparelho pesado, com grandes bordas em volta da tela que o deixam com um aspecto ainda maior. A sensibilidade da tela também não é comparável a de dispositivos high-end, mas nada que atrapalhe o uso. Em questão de desempenho, ele até se sai bem: o dispositivo obteve no benckhamrk AnTuTu um placar de 15455, o que o aplicativo considera como "excelente" para rodar jogos em 2D e 3D. Em testes, rodou games mais simples como Temple Runner 2 sem maiores prejuízos à taxa de quadros.

Incomodou, entretanto, a falta de capricho. A tela tem resolução de 720p, mas o papel de parede escolhido para o produto ser distribuído às lojas é uma imagem de baixa resolução, o que causa uma primeira impressão de qualidade inferior ao usuário leigo.

A questão é que ele é barato: após uma redução recente de preço, o aparelho agora é vendido com o preço sugerido de R$ 299, e isso faz uma grande diferença para o consumidor. Isso significa que o X-Pro é mais do que se paga: um bom tablet de entrada, com desempenho acima da média na mesma faixa de preço. Não é perfeito, mas é uma louvável tentativa da DL de aparecer para o próprio mercado.

 

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