A ABStartups é uma associação brasileira de start-ups com mais de 2,7 mil membros espalhados por todas as regiões do País. Desse total, estima-se que entre 15% e 20% sejam empresas totalmente voltadas para mobilidade ou que tenham pelo menos um braço móvel. Mas nem todas precisariam disso, na opinião do diretor-executivo da entidade, Guilherme Junqueira. "Há uma modinha de que tudo precisa ser mobile. E nem sempre isso é certo. Tem start-ups que nem sequer usam as funcionalidades que justificariam serem móveis, como a necessidade de estarem presentes no bolso dos clientes para utilização a qualquer momento, em qualquer lugar. Poucas usam direito os recursos do telefone, como geolocalização, acelerômetro, câmera etc. Algumas são meras extensões da web", comenta.

De acordo com Junqueira, a maioria das start-ups móveis listadas na ABStartups se concentra no Sudeste, mas há exemplos em todas as outras regiões. O setor que mais tem atraído iniciativas de novas empresas em mobilidade é o varejo. "São serviços relacionados a compra, venda, guias, encontrar alguma coisa… O varejo é o carro-chefe em mobile", diz.

Start-ups zumbis

A vida não é fácil para uma start-up no Brasil. A ABStartups estima que apenas uma em cada dez de suas associadas sobrevivem após três anos de existência. "E tem algumas que se mantêm vivas mesmo sem gerar receita… Chamamos de start-ups zumbis. Elas não sabem que morreram", relata. A explicação para a insistência em ideias que não deram certo estaria no medo do brasileiro de reconhecer seu fracasso, algo que na cultura norte-americana é mais bem aceito.

Para Junqueira, a maior dificuldade de uma start-up não é conseguir dinheiro ou uma boa equipe técnica, mas, sim, não encontrar cliente. "O principal desafio para todas é ter clientes. Uma start-up não morre por não encontrar um sócio ou um técnico ou porque não tem dinheiro, mas morre quando não consegue clientes", diz. Na sua opinião, o melhor caminho hoje seria focar no mercado de serviços para empresas, o B2B. "Começar em mobilidade para consumidor final (B2C) sem ter dinheiro é muito difícil. As que se dão bem são aquelas que não ficam só no B2C mas vão para o B2B, que paga as contas", relata.

O diretor da ABStartups discorda que falte investidores no Brasil. "O que falta é empreendedor capacitado a executar. Antes de pegar dinheiro dos outros, tem que investir o seu. Se você não investe em si mesmo, porque um investidor o faria?", questiona.

A ABStartups foi criada há três anos. A entidade não cobra nada de seus associados, que podem se filiar gratuitamente pelo site. Em troca, participam de um mailing com dados exclusivos de eventos e cursos da entidade e de parceiros. Em uma segunda fase, que começará em novembro, será criado um portfólio de serviços extras pagos, como matchmaking com investidores e mentores, por exemplo. Será criado também um clube de desconto de fornecedores, desde contadores e advogados até plataforma de CRM."A ideia é reduzir o custo fixo das start-ups", diz Junqueira.

 

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