A Caixa Econômica Federal, a TIM e a Mastercard estão prestes a lançar uma solução conjunta de carteira móvel. A parceria fora assinada no começo do ano passado e desde então o produto vem sendo desenvolvido, chegando agora à fase final de testes. Embora as empresas não abram maiores detalhes antes do lançamento, existe a expectativa de que essa carteira móvel seja integrada a programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família, por exemplo.

O produto desenvolvido tem como alvo a população não bancarizada. Ele funcionará como um cartão de débito pré-pago, seguindo o mesmo modelo adotado por outras operadoras no Brasil, como o Oi Carteira, o Meu Dinheiro Claro e o Zuum (joint-venture entre Telefônica e Mastercard). Vai funcionar em qualquer aparelho, mesmo feature phones, o que pressupõe o uso de alguma tecnologia universal para a realização das transferências, como SMS ou USSD.

Hoje, a TIM é dona da maior base pré-paga do Brasil, com mais de 60 milhões de linhas em serviço. Estima-se que metade desses usuários não tenham conta em banco. "São pessoas que não necessariamente possuem um smartphone, mas que precisam de um instrumento financeiro. E é gente que hoje confia apenas no papel moeda", comenta o diretor de serviços financeiros móveis da TIM, Fábio Freitas.

O executivo lembra que se trata de um público bastante sensível à gestão cuidadosa de seus recursos financeiros, justamente por serem escassos. Por isso, qualquer produto que se proponha a substituir o dinheiro vivo para essas pessoas precisa ser muito bem desenvolvido e exaustivamente testado, para minimizar ao máximo os riscos. "É um produto tecnologicamente complexo, que envolve a integração de três empresas diferentes. Não vamos lançá-lo com pressa", diz Freitas, evitando revelar a data de lançamento. Porém, este noticiário sabe, por fontes de mercado, que esse lançamento está próximo.

Sobre as parcerias, o executivo demonstra otimismo: "Não poderia haver parceiro melhor que a Caixa Econômica para esse projeto, pois é um banco que atende a esse público através de vários programas sociais e sabe se comunicar com ele." A respeito de tarifas, outro ponto sensível para o público-alvo, Freitas diz apenas que o assunto será tratado com cuidado.

Existe ainda a expectativa de que soluções de cartão de débito pré-pago interessem também ao público bancarizado justamente para que este possa fazer pagamentos móveis a funcionários que hoje não possuem conta bancária, como empregadas domésticas, faxineiras, pedreiros etc. Na prática, é uma solução que provê conveniência e segurança – vide os inúmeros casos de assaltos do tipo "saidinha de banco", em que o bandido monitora quem saca quantias altas no caixa e o aborda depois na rua.

Análise

O mercado brasileiro de carteiras móveis para o público não bancarizado ainda dá seus primeiros passos. Embora a TIM seja a última operadora a adentrá-lo, ainda há muito espaço a ser conquistado. A parceria com a Caixa e a possibilidade de integrar o produto ao pagamento de benefícios sociais do governo federal pode representar uma vantagem estratégica significativa para a TIM. Mas o que deve fazer a diferença para popularizar definitivamente esse tipo de solução será a interoperabilidade entre as carteiras. Como o mercado celular brasileiro é dividido entre quatro grandes grupos, a restrição de transferir dinheiro apenas para usuários da mesma operadora se torna um obstáculo. O Banco Central exige que no futuro haja interoperabilidade, mas isso ainda deve levar alguns anos.

 

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