A adoção nos novos iPads de um SIMcard embarcado de fábrica que pode trocar de operadora e de plano de dados a qualquer momento de acordo com a vontade do usuário ligou um sinal de alerta na indústria móvel. O chamado Apple SIM pode ser interessante para as operadoras celulares, pois tende a aumentar a contratação de planos de dados para tablets, que hoje é mínima, mas o que acontecerá com a indústria de SIMcards?

Este noticiário conversou com algumas fontes do setor de SIMcards e tudo indica que ele caminha para uma nova fase na qual a receita virá cada vez menos de chips e cada vez mais de plataformas de serviços para as teles, inclusive uma nova que permite o gerenciamento remoto de assinaturas. Trata-se de uma solução com proposta similar àquela do Apple SIM, mas cujo público-alvo são operadoras com atuação em vários países, para reduzir os custos de roaming dos seus clientes, especialmente os corporativos, que viajam muito. Quando o consumidor desembarcar no exterior, seu celular ofereceria a possibilidade de adoção de um número local, em vez de roaming. Para tanto, há um app no aparelho e um SIMcard capaz de ser alterado remotamente. "O SIMcard é equipado com uma infraestrutura para fazer essas trocas sem ferir qualquer critério de segurança. Isso por enquanto é usado mais dentro de um mesmo grupo internacional, não entre vários grupos", explica uma fonte. A GSMA apoia essa iniciativa.

A Telefônica é um dos grupos que está testando uma solução de gerenciamento de assinantes. Esses testes começaram na Espanha e agora estão sendo feitas em algumas de suas operações na América Latina, incluindo o Brasil.

Desta forma, o mercado de SIMcards tende a se concentrar, com as operadoras deixando de ter vários fornecedores diferentes de chips para ter um só, prevê outra fonte. "O grande negócio estará nas mãos de quem vender a plataforma, pois vai cobrar pelo gerenciamento remoto dos SIMcards", explica.

Vale lembrar que em mercados emergentes como o Brasil e a Índia, os fabricantes de SIMcards experimentaram um forte crescimento há poucos anos por causa da procura por celulares com múltiplas entradas para SIMcards. Paralelamente, o surgimento de terminais que demandam novos formatos de chip (micro e nano) também contribuiu para aumentar as vendas nos últimos anos. Agora, com a estabilização da procura por aparelhos multiSIMcard e com a chegada de modelos de chip que funcionam para qualquer um dos três formatos (o chamado "SIMcard de triplo corte reversível"), junto com a adoção de plataformas de gerenciamento de assinaturas, a tendência é de redução nas vendas do chip em si. O foco da indústria de SIMcards se voltará, portanto, para desenvolvimento de novas plataformas.

Cartes 2014

Este ano, MOBILE TIME fará pela primeira vez a cobertura da Cartes, maior feira internacional do mercado de cartões inteligentes, que acontecerá entre os dias 4 e 6 de novembro, em Paris. O tema da edição de 2014 é justamente mobilidade, com uma série de painéis sobre pagamentos móveis, NFC etc.

 

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