Spam eleitoral por SMS e WhatsApp se intensifica na reta final das eleições

Como era esperado, o uso do SMS e do WhatsApp para envio de spam eleitoral se intensificou nos últimos dias que antecedem a votação do segundo turno das eleições brasileiras. Em uma pesquisa informal junto a alguns leitores e pessoas próximas à redação, MOBILE TIME foi informado de pelo menos oito mensagens diferentes enviadas por números desconhecidos para gente que não havia autorizado tal comunicação, o que fere o regulamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para propaganda em mensagens eletrônicas nas eleições 2014. Dessas oito denúncias, sete pediam voto para Dilma Rousseff e uma, para Aécio Neves.

Chama a atenção a agressividade e o alarmismo dos textos em algumas das mensagens que pedem voto para a candidata do PT. Das sete denúncias recebidas, cinco contêm críticas ao adversário. É perceptível também uma preocupação na escolha do conteúdo de acordo com o estado onde mora o eleitor. Pessoas de São Paulo, por exemplo, receberam um SMS que falava sobre a falta de água na região. Para eleitores mineiros, foi disparada uma mensagem acusando Aécio de nepotismo no governo daquele estado. E houve até mensagem direcionada para o ABC Paulista, avisando que a continuidade de obras contra enchentes realizadas em São Bernardo do Campo estaria ameaçada se Aécio perdesse. Alguns dos SMS traziam ao fim o link para textos na web relacionados ao tema  em sites como Folha de São Paulo, Pragmatismo Político e a página Amigos do Presidente Lula. Os remetentes, na maioria das vezes, eram números telefônicos com DDD e oito ou nove dígitos, o que indica o uso de chipeira. Uma delas, porém, tinha como remetente (13)13, em alusão ao número do partido. Veja abaixo a íntegra dos textos das mensagens e alguns exemplos de telas.

A mais alarmista de todas foi uma disparada nesta sexta-feira, 24, tentando se passar por mensagem oficial do Governo Federal. Nela, está escrito que beneficiários do Bolsa Família que não votarem na Dilma seriam cortados do programa social. Neste caso em particular, chama a atenção o fato de o texto falar em "presidente Dilma", e não "presidenta", que é a praxe da equipe de comunicação do PT.

Houve também uso indevido do WhatsApp a favor de Dilma Rousseff. Eleitores do Rio de Janeiro receberam um spam vindo de um número internacional que continha um vídeo do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) declarando voto a Dilma. O vídeo é verdadeiro, mas Freixo não havia autorizado sua distribuição na forma de spam pelo WhatsApp. Diante do mal-estar, a equipe do deputado estadual publicou em sua página no Facebook o seguinte esclarecimento: "Atenção: o vídeo que está circulando no WhatsApp sobre a declaração de voto de Marcelo Freixo na presidenta Dilma Rpousseff não está sendo enviado pela equipe do deputado. Segundo a nossa política de comunicação, só encaminhamos mensagens para as pessoas que se cadastraram voluntariamente em nosso banco de dados e aceitaram receber nossos recados."

A assessoria de imprensa da campanha de Dilma Rousseff foi contactada por email por este noticiário, que aguarda uma posição sobre o assunto. Cabe lembrar que não há qualquer prova de que as mensagens citadas nesta matéria tenham partido do comitê central da campanha. Eventualmente podem ter sido criadas por aliados espalhados pelo País. Ou mesmo por adversários, em uma tentativa de sabotagem – o que faria sentido especificamente para a mensagem falsa assinada pelo governo federal.

PSDB

O comitê de Aécio Neves, por sua vez, tem procurado estimular os eleitores a denunciarem os spams que recebem. Foi feita uma peça publicitária digital chamada "campanha limpa", que ensina como proceder nesses casos – basicamente, a mensagem de spam deve ser enviada para o número 7726.

Isso não significa que não tenham ocorrido irregularidades também do lado do PSDB. Na pesquisa informal realizada por este noticiário foi recebida uma denúncia de spam por WhatsApp pedindo voto para Aécio Neves. Era uma corrente que incentivava cada usuário a reencaminhar a mensagem para mais dez pessoas e assim poderiam "se livrar do PT". O remetente era um número desconhecido da fonte que fez a denúncia.

Foram computadas apenas as denúncias acompanhadas de imagens da tela com as mensagens. Na pesquisa informal realizada por este noticiário, houve quem afirmasse ter recebido outros spams por SMS e WhatsApp pedindo votos para o candidato do PSDB à presidência, mas as mensagens não foram salvas. Sem comprovação, optou-se por deixar essas outras denúncias de fora.

ATUALIZAÇÃO (Sábado, 25/10, 9h30): Foi relatado por uma eleitora do Rio de Janeiro o recebimento de ligações com gravações pedindo voto para Aécio Neves. A fonte afirma ter recebido mais de dez ligações desse tipo durante o segundo turno das eleições, em horários tão variados como 7h30 e 22h. O telemarketing ativo por voz, quando não autorizado pelo usuário, é tão ou mais incômodo que o spam por mensagem de texto.