A mala do futuro será conectada ao smartphone do seu dono e está sendo desenvolvida por um grupo de empreendedores latino-americanos que vive nos EUA. O projeto, batizado de Bluesmart, abriu recentemente uma campanha para arrecadação de fundos no site de financiamento coletivo Indiegogo. Em apenas uma semana, ultrapassou em dez vezes a sua meta original, recebendo mais de US$ 500 mil e vendendo antecipadamente 2,1 mil unidades do seu primeiro modelo de mala conectada, que leva o mesmo nome do projeto e da empresa. A previsão agora é vender mais 1 mil unidades até o fim da campanha, dia 24 de novembro, revela o argentino Diego Saez Gil, um dos co-fundadores da Bluesmart, ao lado de outros três amigos argentinos, uma colombiana e um norte-americano.

A Bluesmart é uma mala de pequeno porte com rodinhas, que pode ser levada como bagagem de mão. Ela contém uma balança embutida, que é acionada quando levantado o puxador e informa o peso em um aplicativo no smartphone (Android, iOS). Isso permite que o usuário saiba de antemão se precisará despachá-la ou não, de acordo com o limite de peso estabelecido pela companhia aérea. Um sensor de proximidade na Bluesmart alerta caso o dono se afaste da bagagem e a tranca automaticamente. O cadeado pode ser controlado também manualmente pelo app. Além disso, a localização da mala é rastreada dentro do aplicativo, que registra todo o histórico de viagens do usuário.

Há também funcionalidades extras interessantes, como uma bateria embutida com uma conexão micro-USB que serve para recarregar um smartphone até seis vezes. Outro detalhe que chama a atenção é um compartimento especial para acessar rapidamente laptops e tablets, o que agiliza a passagem pelos check-points de segurança dos aeroportos.

Segundo Gil, o cadeado eletrônico utilizado na Bluesmart é aprovado pela TSA, agência de segurança de transportes dos EUA. A entidade conta com uma chave-mestra: assim pode vistoriar a mala sem destruir seu cadeado. Vale lembrar que a TSA tem direito de abrir qualquer bagagem que considerar suspeita.

Quem participar do financiamento coletivo pode adquirir a Bluesmart com desconto, por US$ 265. Depois, o produto será vendido pelo próprio site da empresa e em varejistas parceiros com preço estimado de US$ 450. As primeiras unidades serão enviadas para os participantes da campanha do Indiegogo em meados de 2015. A Bluesmart será fabricada na China e seu cadeado eletrônico, em Taiwan.

Inspiração

A inspiração para o projeto surgiu depois de Gil ter sua mala extraviada em uma viagem de Nova Iorque para Buenos Aires, com escala no Panamá, quando ia visitar sua família durante o Natal, dois anos atrás. "Foi um desastre. Estava levando presentes para todo mundo e de repente não tinha mais nada, nem roupas. Então comecei a pensar em como seria uma mala inteligente, que permitisse viajar melhor", relata o empreendedor.  Estudando o assunto, descobriu a estimativa de que 25 milhões de malas são perdidas ou destruídas por ano no mundo durante viagens de avião.

Gil conta que alguns representantes da indústria tradicional de bagagens já os procuraram para conversar, mas os sócios da Bluesmart não têm planos no curto prazo de vender a empresa. No máximo, avaliam licenciar a tecnologia para terceiros. "Nosso sonho é criar uma marca de origem sul-americana que seja conhecida mundialmente", revela. A empresa pretende passar por um uma primeira rodada de investimentos em 2015.

Entre os próximos passos do grupo está o desenvolvimento de aplicativos para conectar a Bluesmart a wearable devices, como relógios inteligentes e Google Glass. Os relógios receberão alertas sobre o distanciamento da mala e controlarão o cadeado. Os óculos do Google poderão trancar e destrancar a mala com comando de voz. Ao mesmo tempo, os criadores da Bluesmart começam a pensar em outros modelos de bagagens conectadas, como uma mochila e uma mala de maior porte. "Estamos perguntando para as pessoas o que elas querem", diz Gil.

 

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