O dólar está subindo e começa-se a especular o efeito disso sobre as vendas de smartphones no Brasil, já que muitos dos componentes são importados, como a tela e o processador. Perguntado sobre o assunto, o gerente de produtos da ASUS no Brasil, Marcel Campos, acredita que se a moeda americana chegar a R$ 3 não deve haver impacto significativo no volume de smartphones vendidos no País este ano, mantendo-se a projeção de mais de 60 milhões de unidades comercializadas em 2015.
Campos calcula que se o Dólar chegar a R$ 3, o impacto no preço de ponta seria da ordem de R$ 100, o que ainda não seria o suficiente para frear a demanda do brasileiro. E se a valorização da moeda americana acontecer aos poucos, de maneira gradativa, como de cinco a dez centavos por mês, a indústria consegue se planejar melhor. O problema é se houver uma alta maior e repentina.
O executivo pondera que os efeitos, obviamente, podem variar de fabricante para fabricante, dependendo do tamanho dos estoques de insumos de cada um e do grau de nacionalização de cada produto. Mas, de maneira geral, todos trabalham para encurtar ao mínimo os estoques e diminuírem o tempo entre a fabricação e a venda de um smartphone. O executivo não acredita que algum fabricante aumentará seus estoques de propósito com medo de uma alta do dólar nos próximos meses.
Atualmente, a ASUS fabrica seus smartphones com a Foxconn, em Jundiaí/SP, mesmo parceiro da Apple no Brasil. A empresa não tem planos de ter uma fábrica própria aqui. "Ter fábrica própria só vale a pena enquanto não surge um problema (de demanda, de produção ou de ordem trabalhista)", comenta. Também faz parte da estratégia local da companhia não trabalhar com distribuidores, para conseguir oferecer preços mais baixos.
Além da alta do dólar, o executivo lembra que há outros fatores que encarecem os smartphones no Brasil, como os impostos locais, as leis trabalhistas e o preço do seguro, que é alto por causa dos frequentes assaltos a caminhões de carga. "Usamos caminhões-cofre e escolta à paisana. Mesmo assim já fomos assaltados", lamentou.