O curso de inglês e espanhol CNA e suas mais de 600 escolas espalhadas pelo Brasil passam este ano por uma das maiores mudanças pedagógicas em 42 anos de história. A empresa decidiu repensar todo o seu material didático impresso e incluir uma série de interações através do smartphone ou tablet dos alunos. Todos os 28 livros em seu catálogo, desde aqueles para crianças de sete anos até os cursos de nível avançado de inglês e espanhol, foram reformulados. Paralelamente, foram desenvolvidos 18 aplicativos em Android e iOS que auxiliam no aprendizado de idiomas, a maioria deles jogos, sempre conectados ao conteúdo do cursos. As novidades fazem parte da plataforma CNA 360, que procura unir elementos offline e online dentro do projeto pedagógico de ensino de idiomas. A empresa investiu R$ 5 milhões em tecnologia ao longo do ano passado.

Agora, ao fim de cada unidade dos 28 livros há um QR code para ser escaneado pelo smartphone do aluno, o que gera uma atividade extra na web relacionada ao conteúdo apresentado. Cada livro contém oito unidades, totalizando, portanto, 224 atividades extras via QR code. Também foram criados apps integrados ao portal interativo do CNA, com atividades pedagógicas complementares e acesso aos professores on-line, recursos disponíveis apenas para estudantes matriculados no curso. Há um mecanismo de gameficação: os estudantes ganham pontos e troféus conforme realizam atividades extras.

Foram desenvolvidos também games móveis com realidade aumentada, que são acionados quando o aluno aponta a câmera do smartphone para a capa do seu livro. É o caso do CNBA, um jogo de basquete, onde é preciso acertar a bola na cesta que contém a resposta certa para uma pergunta. Outro exemplo com realidade aumentada é o game Zombie Attack, no qual o usuário salva objetos de serem capturados por um zumbi. "O objetivo é ampliar a experiência do aluno para fora da sala de aula de um jeito divertido. Nenhuma dessas atividades é obrigatória", explica Marcelo Barros, diretor de educação no CNA.

Há ainda uma série de jogos que não dependem do material didático e que, portanto, podem ser utilizados por quem não estiver matriculado no CNA. O de maior sucesso é o Word Bubbles, uma espécie de Candy Crush com letras para formar palavras em inglês e espanhol.

Para os alunos que não têm um smartphone ou tablet, o CNA montou um espaço dentro das escolas, chamado CNA Mobile Lab, onde há tablets disponíveis para o uso. Além disso, produziu na Zona Franca de Manaus um tablet Android próprio, que leva a marca CNA, vendido por R$ 229 – alguns de seus franqueados oferecem o produto como um brinde pela matrícula. Foram fabricadas 21,5 mil unidades. Metade foi vendida até agora.

Segundo Barros, o CNA espera como retorno dessa iniciativa três resultados: 1) ganhar maior atratividade em um mercado cada vez mais acirrado; 2) alongar o ciclo do aluno, aumentando a retenção; 3) fazer com que seu aluno saia falando inglês ou espanhol melhor. O executivo considera cedo para fazer um primeiro balanço dos resultados obtidos, pois as novidades entraram no ar para os estudantes no começo deste ano.

Desenvolvimento

O desenvolvimento dos aplicativos foi terceirizado. Apenas o escopo do projeto e a integração com o conteúdo dos cursos foi planejado internamente. O CNA teve como parceiros nessa iniciativa a PlayerUm, encarregada dos games; a Target Software, que fez a programação; e a Webeleven, responsável pela interface do portal on-line do professor.

O CNA já havia experimentado lançar jogos móveis no passado. Dois títulos foram disponibilizados em 2013, mas eram desconectados do material didático. "Somos a primeira rede a criar apps integrados com os livros impressos desde o nascimento do projeto. Nossa ideia, desde a concepção do CNA 360, é estar com o aluno aonde ele estiver", resume o executivo.

E o projeto não se encerra aqui. A proposta é de que seja dinâmico. A intenção do CNA é lançar um jogo novo a cada seis meses e constantemente criar novidades dentro dos apps, relata Barros.

 

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