A mobilidade está transformando radicalmente o setor bancário. Primeiro foram os bancos tradicionais migrando suas operações para dentro dos smartphones, através de apps de mobile banking. Agora começam a surgir bancos sem agências próprias e que operam unicamente através de aplicativos móveis. Estão sendo chamados de "smart banks" ou "mobile first banks". Um deles é o inglês Atom Bank, que acaba de receber das autoridades competentes do Reino Unido, nesta quarta-feira, 25, a licença para operar como um banco.
A proposta do Atom Bank é não ter agências e não usar papel. Tudo será feito através do aplicativo móvel, desde a abertura da conta até o atendimento ao correntista. No que diz respeito à segurança, será usada biometria para o acesso às contas. O Atom Bank promete também ser um banco com tarifas baixas, ao contrário de seus concorrentes tradicionais, exatamente pelo fato de não ter um custo elevado com agências e funcionários. O lançamento do serviço acontecerá no fim do ano e quem quiser ser um dos primeiros correntistas pode se inscrever no site da empresa.
O Atom Bank recebeu aportes de aproximadamente 25 milhões de libras esterlinas para ser desenvolvido e conta hoje com pouco mais de 100 funcionários em sua sede, na cidade de Durham, no norte da Inglaterra. Mais 60 pessoas serão contratadas até o lançamento.
Embora seja o primeiro desse tipo a receber a licença na Inglaterra, o Atom Bank não está sozinho nessa aposta em ser um banco móvel sem agências. Pelo menos outros dois projetos estão em andamento, também na Inglaterra: Mondo e Starling. Ao que tudo indica, o mercado financeiro inglês será o primeiro a ser chacoalhado por esse novo conceito de banco. Vale lembrar que é também no Reino Unido que nasceu o Transferwise, outro seviço financeiro móvel que procura atacar frontalmente as receitas dos bancos tradicionais, neste caso, aquelas de transferências internacionais.
Experiência africana
Os primórdios do mobile banking, por incrível que pareça, aconteceram na África, com projetos de carteira móvel, como o famoso M-Pesa, do Quênia. Esses serviços consistem, na prática, de cartões de débito pré-pago operados via telefone celular, usando canais como SMS e USSD.
As start-ups inglesas dão um passo além, obtendo licenças para operarem efetivamente como bancos e trazendo uma série de outros serviços financeiros juntos, como fundos de investimento e empréstimos. Além disso, seu público alvo não são pessoas desbancarizadas, como na África, mas gente que está insatisfeita com o serviço do seu banco atual ou com as taxas por ele cobradas.