Enquanto apps de táxi e o Uber disputam mercado mundo afora, aplicativos de carona correm por fora pela preferência dos usuários, popularizando-se gradativamente entre universitários e outras comunidades onde a prática de pedir carona é comum. É o caso do brasileiro Ponga, desenvolvido pela MobWise e lançado em meados do ano passado em Campinas, onde atende principalmente a estudantes da Unicamp, da Facamp e da PUC de Campinas. O app foi expandido há um mês para outras 25 cidades do País e recentemente ganhou a opção de criação de grupos fechados.

Uma das maiores barreiras dos apps de carona é a preocupação dos usuários quanto à segurança. Isso vale tanto para passageiros quanto para motoristas. Para superar esse obstáculo, o Ponga exige do passageiro o login pelo Facebook, assim como a confirmação por email, telefone e CPF. O motorista, por sua vez, precisa tirar foto do carro, do documento de licenciamento do veículo e da sua carteira de motorista. A verificação dos dados é feita manualmente.

Para adicionar ainda mais segurança, por sugestão dos alunos da Facamp, foi adicionada a opção de criação de grupos fechados. Foi criado um grupo restrito a estudantes da faculdade, cuja adesão requer o envio de uma foto da carteira da instituição, verificada por um membro do diretório acadêmico. Dos 3 mil alunos da Facamp, cerca de 200 se inscreveram no grupo, dos quais 70 são motoristas. Na prática, o grupo funciona como um filtro na hora de solicitar uma carona.

Segundo a MobWise, há empresas de Campinas interessadas em criar grupos de carona dentro do Ponga também. No momento, o app tem alguns milhares de usuários na cidade e centenas de motoristas cadastrados.

Modelo de negócios

As caronas no Ponga não são programadas, mas feitas em tempo real. O passageiro informa os locais de partida e de destino, e sua solicitação é encaminhada para os motoristas próximos, para ver se algum a aceita. Não é feita nenhuma cobrança compulsória, mas o app, ao fim da corrida, faz uma sugestão de valor para ser doado ao motorista. A maioria das caronas, contudo, acontece de graça.

Por enquanto, a única forma de monetização do Ponga é por meio da opção de depósito pré-pago. O passageiro compra créditos para poder fazer doações a motoristas sem ser em dinheiro. O Ponga fica com 20% do valor doado ao motorista e devolve 2% de crédito para o passageiro que usar o sistema. Até  o fim do ano há a intenção de incluir pagamentos in-app via cartão de crédito, em uma solução similar àquela usada em apps de táxi, como Easy Taxi e 99Taxis.

Sobre a possibilidade de os motoristas de táxi protestarem contra o Ponga como fazem contra o Uber, o diretor da MobWise André Paraense comenta: "O risco existe. Os taxistas estão revoltados porque estão sofrendo um disrupção de mercado. Mas o Ponga representa uma concorrência indireta. E, pelo que conversei com advogados, o Ponga não fere a legislação, por não ser um serviço com cobrança, mas com doação sugerida".

 

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