A crise macroeconômica não parece ter afetado a Telefônica, que fechou o segundo trimestre de 2015 com aumento de receitas tanto no segmento móvel, em que opera sozinha, quanto no fixo, onde já conta com a operação da GVT. Em seu resultado financeiro divulgado nesta quarta-feira, 29%, a companhia mostrou números positivos em quase todos os itens, menos no lucro líquido.
Considerando a GVT a partir de janeiro de 2014 (pro forma), a receita operacional líquida no segundo trimestre foi de R$ 10,427 bilhões, um aumento anual de 5,4%. No semestre, o resultado pro forma foi de R$ 20,792 bilhões, aumento de 5,3%.
Desse total trimestral, o segmento móvel somou R$ 5,829 bilhões, representando aumento de 5,7%. No acumulado dos seis meses, foi R$ 11,719 bilhões, alta de 7,1%. Desse total, vale destacar que a receita de dados e SVA se tornaram pela primeira vez a principal da companhia. Por sua vez, a receita líquida de aparelhos aumentou 30,4% no trimestre e totalizou R$ 383,4 milhões, enquanto nos seis meses a alta foi de 19%, total de R$ 722,1 milhões.
Já a receita operacional líquida fixa foi de R$ 4,215 bilhões e R$ 8,350 bilhões, crescimento de 3,1% e 1,8% respectivamente no trimestre e no semestre. Ainda que a maior fatia venha de voz e acessos, com R$ 1,978 bilhão e R$ 3,948 bilhões, houve redução de 2% e 3,6%. Também houve queda com receitas de uso de rede: 10,1% (R$ 129 milhões) e 13,7% (256,1 milhões) no trimestre e semestre, respectivamente.
Destaca-se o aumento de 30,4% nas receitas com TV por assinatura, totalizando R$ 422,6 milhões no trimestre. No acumulado, o crescimento foi de 31%, total de R$ 815,8 milhões. A companhia atribui isso "ao rápido crescimento da base de assinantes em IPTV e DTH, com aumento de adoção a pacotes HD".
Na banda larga, que tem procurado migrar clientes para velocidades mais altas com a arquitetura FTTx por conta da integração com a GVT, o aumento foi de 7,9% e 7,2%, totais de R$ 783,9 milhões e R$ 1,548 bilhão. Em dados corporativos e TI, o aumento foi de 3,2% no 2T15 (R$ 712,3 milhões) e 3,3% no 1S15 (R$ 1,404 bilhão). As receitas com outros serviços foram de R$ 189,3 milhões (3,2% de aumento) e R$ 377 milhões (2,7% de recuo). Lembrando que é uma comparação pro forma, a Telefônica afirma que o novo ativo acelerou o crescimento nas receitas fixas, mas destaca que o corte na tarifa fixo-móvel em fevereiro deste ano e a redução da assinatura básica em junho do ano passado impactaram negativamente.
Outros resultados
Os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) aumentaram 2,8% e 2,3%, totalizando R$ 3,131 bilhões e R$ 6,246 bilhões. A Telefônica afirma ter conseguido maiores receitas móveis e fixas, mas arcado com maiores custos relacionados à capacidade e gastos com compra de conteúdo de TV. Assim, a margem EBITDA caiu 0,8 ponto percentual (p.p.) no comparativo de trimestres e 0,9 p.p. no semestres, encerrando junho com 30%.
O resultado (lucro) líquido pro forma fechou o período em R$ 932,9 milhões, queda de 56,4%. No semestre, a soma foi de R$ 1,404 bilhão, recuo de 52,7% comparado com os seis primeiros meses de 2014. Segundo a empresa, a diminuição é fruto do impacto positivo no segundo trimestre de 2014 da revisão das bases fiscais de certos intangíveis decorrentes de combinações de negócios (no caso, a Vivo). Como isso não ocorreu novamente neste ano, houve uma queda para patamares comuns. Excluindo o efeito líquido de R$ 1,196 bilhão no resultado, a variação anual do lucro seria de recuo de 1,4%, ainda de acordo com a Telefônica.
A companhia afirma ter investido R$ 2,063 bilhões no trimestre e R$ 3,824 bilhões no semestre, aumento de 0,2% e 7,5% respectivamente. Grande parte do Capex foi destinado às redes: R$ 1,795 bilhão no trimestre e R$ 3,337 bilhões no semestre. A operadora diz que continua direcionando investimentos em capacidade 3G, expansão de cobertura 4G e aumento de infraestrutura de transmissão.
A dívida líquida da Telefônica em 30 de junho era de R$ 4,2 bilhões, com uma relação dívida líquida/EBITDA de 0,33. Foi uma diminuição de R$ 2,834 bilhões em relação ao mesmo período do ano anterior, explicada pelo aumento de capital realizado pela companhia após a aquisição da GVT. Isso foi parcialmente compensado pelo pagamento da licença de 700 MHz à Anatel.
Operacional
A Vivo fechou junho com 82,655 milhões de acessos móveis no País. Desses, 29,586 milhões eram de linhas pós-pagas, com mais 3,942 milhões de acessos máquina-a-máquina (M2M). O pré-pago ainda é maior parte da base, com 53,069 milhões de conexões. A companhia registrou no total 776 mil adições líquidas no trimestre, a maioria (679 mil) com planos pós-pago. O churn mensal aumentou de 2,9% no primeiro trimestre para 3,2% no seguinte.
A receita média por usuário (ARPU) ficou em R$ 23,5 (contra R$ 24,3 no trimestre anterior), mas a companhia ressalta um aumento de 0,8% no comparativo anual. Voz foi responsável por R$ 12,7 do ARPU, enquanto dados foram R$ 10,8, um crescimento de 27,3%. Excetuando o M2M, a ARPU do pós-pago ficou em R$ 49,9 (contra R$ 50,7 anteriormente), e o do pré-pago ficou em R$ 11,8 (contra R$ 12,6). A companhia encerrou junho com 131,1 minutos de uso em média por usuário.
Combinado com a GVT, o total de acessos fixos da Telefônica encerrou o segundo trimestre de 2015 com 23,733 milhões de linhas. Dessas, 14,870 milhões eram de voz fixa (10,485 milhões residenciais). Graças a um crescimento de 5,9% no ano, a banda larga fixa fechou o período com 7,077 milhões de acessos, com mais da metade (3,641 milhões) de conexões FTTx, algo inédito considerando o resultado pro forma e um aumento de 20,2%. A TV por assinatura fechou junho com 1,786 milhão de acessos, aumento de 22,3% no ano. A ARPU de voz ficou em R$ 44,3, enquanto a da banda larga ficou em R$ 37,1, e a de TV ficou em R$ 80.