Carros conectados, aplicativos de navegação, conexões machine-to-machine (M2M): a Internet das Coisas (IoT) está tomando forma no mundo digital e físico. Porém, há barreiras para serem ultrapassadas antes de sua aplicação em escala completa pelas empresas, cidades e populações.
Para especialistas de telecomunicações que participaram de um painel da ITS nesta quarta-feira, 12, a interoperabilidade entre aplicações e sistemas na IoT é o principal obstáculo para o crescimento desse mercado.
Segundo Wagner Heiber, responsável pelo desenvolvimento de negócios da 4Grid, as redes de telecomunicações são vitais para o IoT, mas há diversas questões para resolver antes de aplicá-las, como a ordem de prioridades.
“Temos um problema de cobertura, confiabilidade adequada e baixo custo. Temos problemas também no espectro”, disse Heibel. “Precisamos nos preocupar com duas redes, aquelas que são críticas e aquelas não-críticas. A rede de energia e água (utilities) não pode ser a mesma rede de handsets e wearables”.
Dentre os problemas que a IoT pode ter está a falta de comunicação entre dispositivos e sistemas em uma cidade. De acordo com Gabriel Marão, coordenador do Fórum Brasileiro de IOT, esta pode ser uma chance para o Brasil dispor de uma tecnologia que saiba identificar o crítico do não-crítico. “Ninguém tem a resposta sobre como identificar as pessoas das máquinas por meio da Internet das Coisas”, afirmou Marão. “O Brasil pode ser um player global em IoT”.
‘Bolha das Coisas’
Outro problema é a competição entre sistemas proprietários em IoT. Por exemplo: diversas montadoras como Volvo, Audi, BMW, Mercedes-Benz, Ford, GM e Toyota trabalham com seus próprios sistemas de carros conectados, mas não desenvolvem algo que funcione para se comunicar com outros veículos.
Essa criação de vários dispositivos e sistemas pode causar uma implosão nos próximos anos, como aponta Marão. Para ele, entre cinco e dez anos muitas dessas aplicações podem desaparecer, como ocorreu com a bolha da Internet no começo da década de 2000.
No entanto, Heibel contrapõe os argumentos de Marão. Em sua visão, é apenas uma questão de “padronização” e de essas indústrias tentarem aparecer “à frente” de seus concorrentes. Questionado pelo MOBILE TIME, o diretor da 4Grid comparou a concorrência na Internet das Coisas com a disputa entre mídias, como BluRay x HD ou VHS x Betamax.
Cidades e cidadãos
Se por um lado a Internet das Coisas possui diversos desafios para crescer, por outro, os especialistas acreditam que a população das cidades deve ganhar com as novas interconexões.
“Os cidadãos serão impactados. A vida em comunidade vai melhorar, nós teremos uma dinâmica das cidades inteligentes e humanas, com mais informação. Como ao pegar um ônibus e receber a hora e local que ele passa por meio de um app de smartphone”, exemplificou Heibel.