O mercado de smartphone gera novas possibilidades para os investidores e desenvolvedores. No Brasil, um dos exemplos atuais é a BR Charge, empresa que aluga máquinas de carga recarga de celular para empresas e marcas em locais com grande quantidade de pessoas. Com 52 máquinas em operação no País, a companhia espera faturar R$ 1,2 milhões até o final de 2015 e para o próximo ano um faturamento entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões, indica o fundador da empresa, André La Motta.
Em entrevista ao MOBILE TIME, o administrador que teve passagens por Avon e P&G revela que o valor da receita pode mudar com a alta do dólar, pois depende da aquisição de novos equipamentos. Sem revelar valores, Motta explica que cada máquina tem um valor equivalente a "um carro popular" (algo em torno de R$ 30 mil).
Ainda assim, a companhia brasileira efetua a recarga de mais de cem tipos de smartphones em suas boxes, sem cobrar nada ao usuário final. A BR Charge baseia seu modelo de negócios em três pilares: locações permanentes, locações para eventos e publicidade. Algo que é diferente do modelo norte-americano, com cobranças feitas por meio de cartão de crédito.
"Nos EUA, eles cobram e 50 a 60% dessa receita é bancada pelo usuário final. Nós não optamos isso, pois o brasileiro tem a cultura do 'consumo de graça'. E, nós acreditamos o mercado publicitário é muito forte, mesmo em ano de crise", explicou La Motta. Contudo, ele não descartou uma eventual cobrança.
"Mas a cobrança para o usuário final é uma possibilidade que a gente vai explorar no futuro. Nós não colocamos no início para entrar rápido no mercado. Temos barreiras para cobrar para a pessoa física hoje, como nota fiscal para qualquer operação financeira – nos EUA é a partir de US$ 10 – e emissão de nota com CPF".
Mercado
Após um aporte de R$ 1 milhão no começo de suas operações durante o primeiro semestre de 2014, a empresa com sede em São Paulo dispõe de sete funcionários que atuam nas operações, marketing e comercial. Diferente da maioria das empresas que fazem o eixo Rio-SP, a BR Charge adicionou Recife ao seu mercado com boxes em shopping como Cidade Jardim (SP), Villa Lobos (SP), Rio Design Leblon (RJ) e Shopping Recife (PE).
Além de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, a BR Charge possui máquinas em Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e em breve, em Salvador. Em um futuro próximo – entre 1 e 3 anos – La Motta revela que deseja alçar voos para outros locais.
"Hoje, nós vemos uma possibilidade de expansão para o Mercosul. Na Argentina é um pouco complicado por causa das tributações e regras de importação. Mas temos dois mercados importantes, Chile e Uruguai", afirmou o fundador.
Proteção
A tecnologia das máquinas da BR Charge é comprada por empresas nos Estados Unidos. Ao todo, são mais de mil boxes do gênero em operação nos Estados Unidos e Europa. Diferencia-se na máquina o uso de software para controlar a quantidade de carga que cada celular deve receber e a proteção feita através de qualquer cartão com tarja magnética.
Não há necessidade de senhas ou chaves, o sistema utiliza os dados gravados do cartão. No entanto, André La Motta afirma que apenas cartões com dados armazenados funcionam, pois consegue evitar clonagem e garantir mais segurança ao usuário.
"A máquina aceita qualquer cartão de tarja magnética com dados armazenados. Uma chave de hotel não seria aceita, por exemplo. Agora cartões de crédito, débito, vale refeição e vale combustível são aceitos", exemplificou o executivo. "Usamos a mesma tecnologia que a Cielo e outras adquirentes com selo de segurança PCI".
Média de uso
Embora o equipamento seja produzido fora do Brasil, La Motta explicou que precisou adaptar o software para o País. Não apenas para traduzir para o português, mas para o comportamento do usuário, como ao visitar uma feira ou shopping e deixá-la carregando seu handset.
As máquinas da BR Charge têm uma média de 40 a 50 recargas por dia, Sendo a máquina do Shopping Recife a que mais carregas aparelhos por dia no mundo, entre 50 e 60 recargas por dia. O tempo médio histórico é entre 45 e 50 minutos.