A Claro quer acelerar a tendência de migração de base 2G para 3G dando um empurrão no consumidor na compra de seu primeiro smartphone. A companhia lança nesta semana o Claro Música Edition, um smartphone 3G (o Pixi 3, fabricado pela Alcatel One Touch) de entrada personalizado com conteúdo over-the-top (OTT) de música da operadora e saindo por R$ 279. Muito além de oferecer um aparelho a preço acessível, a estratégia da companhia é incentivar a adoção do WCDMA e a introdução ao mundo de dados, ainda que no plano pré-pago.

"O objetivo da campanha não é a mudança de mix (pré para pós), mas realmente pegar o cliente 2G com uma série de fatores, que pelo custo do smartphone não migrou ainda, e trazê-lo com um conjunto de vantagens, não só pelo preço do aparelho, mas pelo pacote de serviços", explica a este noticiário o diretor de SVA e roaming da Claro, Alexandre Olivari. Uma pesquisa interna da operadora mostra que os clientes citaram os preços praticados no 3G como uma barreira. "Por isso nós tentamos balancear com um telefone de entrada, a baixo custo, e com um pacote de serviços que permita ao cliente conseguir comprar o aparelho e, ao mesmo tempo, consiga ter uma boa experiência com serviços para smartphone."

Olivari explica que os serviços OTT oferecidos com gratuidade de três meses sirvam como degustação para o cliente. A escolha do tema musical aconteceu justamente para não segregar o consumidor. "A gente entende que a música é universal, não é de nicho, não é jovem e nem velho", diz. Os serviços ofertados promocionalmente por três meses de graça são o Claro Música, Claro Clube Apps e o Claro Celebridades. Além disso, segue valenado a parceria com redes sociais (Twitter, Facebook e WhatsApp), cujo tráfego não consome dados da franquia do usuário.

Aparelho

A parceria da Claro com a Alcatel One Touch não é exclusiva, mas por enquanto é a única que personaliza o dispositivo com os serviços OTTs. O Pixi 3 tem tela de 3,5 polegadas, câmera traseira (de 5 megapixels) e frontal (de 1,3 megapixel), armazenamento de 4 GB, memória (RAM) de 512 MB, e sistema operacional Android KitKat 4.4. Ele é compatível apenas com 3G, mas é também dualSIM, sendo compatível inclusive com SIMcards da concorrência. "Pode chegar e colocar outra operadora: o objetivo é que o chip da Claro seja usado para dados", diz. A ideia é que a oferta continue pelo menos até o primeiro trimestre do ano que vem, mas ainda sem prazo definido.

Reaproveitamento de espectro

Além de poder fidelizar o usuário e aumentar a receita média  por usuário(ARPU), a estratégia pode beneficiar um plano de médio a longo prazo da operadora: o de realizar o refarming da cobiçada frequência de 1,8 GHz para o LTE. "A gente já está planejando reutilizar a frequência, embora não seja o foco dessa ação", declara Olivari.

A questão é que isso pode levar muito tempo. Mantendo o ritmo de 497,9 mil desconexões mensais, a empresa conseguiria desligar toda a base 2G em cerca de 20 meses. No entanto, a análise fria dos números dificilmente seria colocada em prática: há resistência de clientes que utilizam celulares básicos apenas para serviços de voz e, no máximo, SMS. "Esse ritmo já tem desacelerado porque a gente está chegando mais na base da pirâmide, onde tem dificuldade maior de fazer essa migração", revela o diretor de SVA da tele.

Segundo números de agosto deste ano, a Claro contava com 9,873 milhões de acessos GSM, número 26,1% menor do que o registrado em janeiro. Já a base 3G (WCDMA), na qual é líder de mercado, contava com 52,070 milhões de linhas, 2,81% de crescimento nos oito meses. Os acessos LTE, por outro lado, crescem mais em média: 215,4 mil/mês (contra 203,4 mil/mês do 3G), totalizando 3,031 milhões. O mix da Claro melhorou 2,74 pontos percentuais (p.p.) no ano, mas a base pós-paga ainda está em 22,58%, ou 16,082 milhões de acessos, contra 55,126 milhões do pré-pago.

 

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