O mercado de pagamentos está em expansão em diversos países, mas no Brasil será que essa onda vai pegar? Mundialmente, a novidade se amplia. O Android Pay, por exemplo, nova versão do Google Wallet, mal chegou nos Estados Unidos para competir com o Apple Pay e já tem a concorrência do Samsung Pay. No início do ano, em uma teleconferência, o presidente-executivo da Apple, Tim Cook, previa que 2015 seria o ano do Apple Pay. Talvez ele pudesse repensar a afirmação e dizer que poderia ser o ano dos pagamentos móveis, mas não necessariamente da Apple.

A consultoria IDC estima que, em 2017, o mercado de meios de pagamento movimente 1 trilhão de dólares. É por isso que as grandes empresas estão investindo nisso. O novo sistema do Google, assim como o da Apple, é baseado em NFC (Near Field Communication). Já a Samsung, além do NFC, adicionou uma nova tecnologia chamada Transmissão Magnética Segura (MST, do inglês magnetic secure transmission) que pode transferir dados para leitores padrão de cartão de crédito magnéticos; e os especialistas afirmam que este é o diferencial que fará a Samsung despontar neste mercado.

O Samsung Pay já foi usado em mais de 30 milhões de dólares de transações na Coréia do Sul, declarou a própria empresa, acumulando 1,5 milhão de transações nesse mês. Segundo a consultoria Juniper Research, o mercado terá 200 milhões de usuários de carteira móvel no mundo até o fim do próximo ano. Os números mostram que o mercado está crescendo e, por aqui, não é diferente. Cada uma das empresas tem tentado empurrar sua própria solução de pagamentos. Google e Apple com certeza já estão em conversa com grandes bancos brasileiros.

Há também algumas iniciativas pontuais de instituições financeiras. O Banco do Brasil, por exemplo, tem um sistema implantado usando essa tecnologia, com um aplicativo que permite fazer compras com cartões virtuais vinculados ao cartão tradicional. Já o Bradesco criou um programa de inovação que, entre outras soluções, promete trazer ao mercado brasileiro wearables para pagamentos – presilhas acopladas a relógios e anéis.

O que não dá para ignorar é que ainda vai demorar para termos um grande número de estabelecimentos operando com essas soluções, pois a adoção de um novo modelo de pagamentos com novas tecnologias é quase sempre feita em etapas lentas e bem medidas. O que é provável é que alguns poucos estabelecimentos e grandes varejistas queiram testar a tecnologia, oferecendo um diferencial para consumidores mais antenados.

Mas em quanto tempo as lojas brasileiras estariam efetivamente preparadas para receber pagamentos via smartphone? Uma pesquisa da consultoria Phoenix aponta que quase metade dos usuários do Apple Pay dos Estados Unidos – país referência nesse mercado – já tiveram uma experiência negativa ao visitar uma loja física, listada como parceira da Apple, mas ainda sem a adequação necessária para receber por esse meio. É comprovado que os usuários abandonam rapidamente uma determinada tecnologia se ela não os satisfaz de imediato ou apresenta problemas técnicos de qualquer natureza.

A realidade hoje no Brasil é a utilização de cartões com chip. E nesse ponto estamos à frente dos EUA, por exemplo, que somente agora estão iniciando uma migração em massa dos terminais e cartões magnéticos para suportar transações com cartões de chip. Porém, antes de fazer com que o brasileiro faça do smartphone sua carteira digital temos muitos problemas a resolver como a melhoria nas redes de comunicação e o combate a fraudes e clonagem de cartões.

 

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