Levar a cobertura móvel para os distritos da região Norte depende de políticas públicas, uso de fundos setoriais e de parcerias com os estados. A posição é unânime entre os representantes das operadoras, que participaram nesta quarta-feira, 4, de audiência pública na Câmara dos Deputados. Segundo os executivos, os desafios que precisam ser enfrentados na região inviabilizam investimentos das prestadoras.
O vice-governador do Pará, Zequinha Marinho, disse que o estado está estudando a realização de leilão reverso para viabilizar investimentos das operadoras nos distritos. A ideia é fazer um projeto-piloto com poucas cidades, com o retorno de parte do ICMS para as operadoras por um período. Para as teles, mesmo esse tipo de parceria pode não ser suficiente, em função da dificuldade em levar infraestrutura para essas localidades.
O gerente de Controle de Obrigações de Qualidade da Anatel, Vinícius Caram, disse que o problema maior para a região Norte é a falta de backbone. Ele sugeriu que parte dos investimentos que as empresas terão que fazer após assinaturas de Termos de Ajustamento de Condutas (TAC) seja canalizada para esta região. Segundo ele, o levantamento ainda preliminar prevê a troca de R$ 8 bilhões de multas por aplicações em redes ou benefícios diretos para o consumidor.
Caram afirmou que mesmo as obrigações de cobertura rural terão pouco impacto na cobertura da região, uma vez que só cobre cidades 30 km além da sede do municípios e os distritos paraense ou amazonense estão muito além dessa distância. Além disso, as operadoras estão optando por oferecer serviço fixo por rádio na zona rural, ao invés de móvel.
Segundo o diretor de Relações institucionais da TIM, Leandro Guerra, a operadora tem investido no setor, como a construção do backbone no linhão do Tucuruí. A operadora prevê novos investimentos da região, com a instalação de 2.100 km de fibras ópticas e 3.600 torres, entre 2016 e 2017.
O diretor de Relações Institucionais da Oi, Marcos Mesquita, disse que a possibilidade de incentivos do estado para levar a cobertura móvel para os distritos da região Norte é válida, mas a falta de rede de transporte e as distâncias entre as cidades são ônus adicionais. Ele disse que a cobertura dessa região será mais eficiente com o uso da faixa de 700 MHz, que atende a uma área maior, e que esse espectro só será integralmente liberado em 2019. Vale lembrar que a Oi não adquiriu a faixa de 700 MHz no leilão realizado pela Anatel.
O diretor de Relações Institucionais da Claro, Fábio Andrade, disse que a operadora está levando a cobertura rural aos estados do Norte e que a operadora investiu na região R$ 1,7 bilhão nos últimos quatro anos na região. Mas reconhece que sem políticas públicas não será possível ampliar significativamente a cobertura de dados na região.
O diretor de Relações Institucionais da Vivo, Enylson Camolesi, disse que a operadora está em todos os municípios do Amazonas. Ele afirmou, contudo, que os investimentos nessa região são considerados de risco