O setor de telecom perdeu representatividade no setor financeiro, de acordo com comparativo divulgado pelo analista da Credit Suisse, Daniel Federle, durante o 8º Seminário TelComp, que acontece nesta segunda, 16, em São Paulo. Segundo o estudo, em 2000 a indústria de serviços de telecomunicações representava cerca por volta de 45,5% no Índice Bovespa, contra 3% em 2015.
A explicação para isso, segundo Federle, é a relação entre crescimento de investimento e redução na receita. O desempenho operacional do setor, que mostra tendência de estagnação (TV paga) ou queda (serviço móvel), ele diz, são sinais de impacto da crise e do amadurecimento do mercado. E isso tem o seu preço. "Esperamos uma receita combinada (das operadoras) crescendo praticamente nada em 2015, com uma inflação a 10%, isso chama atenção", declara. Também destaca as novas precificações das empresas, com promoções focadas em dados e em práticas de zero-rating.
O analista da Credit Suisse ressalta a necessidade de crescimento de investimentos para atender à demanda de dados, mesmo que a receita caia. "O retorno tem diminuído significativamente, o setor não opera com retorno acima do custo de capital, e isso para o investidor não é algo muito positivo."
A indústria tem se movido para combater essas tendências. Ele lembra recentes movimentos de compartilhamento de infraestrutura, como RAN sharing (espectro) e compartilhamento de fibra. "Veremos algumas dinâmicas de compartilhamento de rede, imaginamos que terá maior esforço nos próximos anos, ou então mudança mais profunda no setor, como a consolidação do mercado móvel", especula, usando como base a avaliação que quanto maior o market share, maior a margem de EBTIDA (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação).