O mercado de mobilidade começou o ano de 2015 como uma das promessas de resultado positivo no mercado de tecnologia da informação brasileiro, mas não conseguiu ajudar muito. Segundo o IDC, a indústria de eletroeletrônicos teve retração de 4%. Somando-se a inflação, isso significaria quase 15% e um volume de demissões na ordem de 37.000 vagas. Ainda segundo o IDC, em 2015 as vendas de desktops caíram 36%, as de notebooks, 37%, e as de tablets, 36%.
Para 2016 todos esperamos um ano difícil. A diferença é que agora estamos preparados e esperando o pior e a maioria não será pega de surpresa, como aconteceu em 2015. Para dificultar um pouco mais para o mercado de mobilidade, o governo acabou com a MP do Bem, que reduzia alguns impostos para acelerar as vendas, e o dólar estabilizou na casa de R$ 4,00, sem muita esperança de voltar ao valor abaixo de R$ 2,00 que acontecia antes de o governo Dilma assumir. Dólar alto significa custo de dispositivos móveis alto e provável nova retração. Eu, particularmente, acredito que as pessoas aumentarão um pouco o prazo de troca de seus dispositivos móveis e muitos que comprariam determinados modelos passarão a comprar modelos de uma categoria ligeiramente mais barata. Por outro lado, talvez acenda o mercado de aparelhos recondicionados, que até hoje não se ouvia falar muito.
O mercado de proteção para dispositivos móveis contra acidente, por outro lado, vem crescendo agressivamente. A Pitzi foi uma das primeiras a oferecer esse tipo de solução no mercado brasileiro e vem crescendo na casa dos dois dígitos percentuais. Como está mais difícil comprar dispositivos móveis, as pessoas estão buscando alternativas como esta, que provavelmente passará a movimentar mais o mercado de usados/reparos. Se uma pessoa com esse serviço quebrar seu celular, a empresa o substitui por outro e, obviamente, procura consertar aquele para usar como substituição em outro incidente. Já o seguro para esses dispositivos é mais desafiador porque o Brasil é o segundo país com maior incidência de roubos e assalto, segundo a F-secure, perdendo apenas para a Índia.
O que de fato está acontecendo é uma mudança e todos precisamos nos preparar para isso, inclusive os profissionais de mobilidade que, hoje em dia, não se resumem apenas aos programadores de apps. Enquanto ouvimos muita gente lamentando que não consegue emprego há 8 ou 10 meses, o mercado demanda posições que não contam com profissionais preparados para tal. O que quero dizer é que o mercado de mobilidade mudou muito nos últimos anos e as empresas precisam de profissionais de negócios e não apenas técnicos. Pessoas que possam liderar inovações baseadas em mobilidade ou que possam estruturar e profissionalizar os serviços de mobilidade. As empresas já perceberam que não podem simplesmente entregar smartphones e tablets para seus times de campo sem uma estratégia bem definida, mas, ao mesmo tempo, não conseguem encontrar profissionais para estruturar tal estratégia. Do outro lado, empresas de TI buscam mobilizar seus softwares tradicionais, mas não conseguem encontrar gerentes de produtos ou analistas de negócios que os ajudem a pensar na melhor experiência para sua versão móvel, novamente encontram apenas técnicos que querem discutir como desenvolver e não conseguem enxergar o todo para estruturar o plano.
Minha sugestão é que as pessoas repensem suas posições para estarem preparadas para as oportunidades que estão “escondidas” no mercado; ou seja, nem o profissional e nem a empresa conseguem claramente ver essas posições de trabalho ainda.
2016 já começou e espero que estejamos todos, empresas e pessoas, preparados para enfrentar grandes desafios, mas que não fiquemos apenas lamentando, que usemos a criatividade brasileira para construir novas e melhores soluções e oportunidades. Quem se preparar melhor, estudar mais, for mais rápido, entre outros aspectos, terá melhores resultados. O Brasil é um país capitalista e precisamos de mais inovadores, mais empreendedores e bons profissionais. E o mercado de TI continua mudando rápido, mas só as empresas e profissionais que acompanham isso, conseguem sucesso em épocas difíceis.
Para 2016 não vou desejar o tradicional, desejo a todos coragem, ousadia e criatividade. É disso que precisamos!