O modelo de clube de aplicativos da brasileira Bemobi será levado para fora da América Latina este ano. Depois da aquisição da empresa pela Opera, o produto foi renomeado como "Opera Apps Club" para a sua comercialização internacional. O alvo são mercados emergentes, especialmente no Leste Europeu, na Ásia e na África. A meta é firmar parcerias com 18 teles fora da América Latina até o fim do ano, revela Pedro Ripper, CEO da Bemobi.
A Bemobi agora funciona como uma espécie de unidade de negócios de clube de apps da Opera, herdando a administração da loja de aplicativos para webphones e feature phones que a controladora mantinha. O modelo de negócios para a distribuição de apps Android, contudo, continuará sendo aquele que faz sucesso no Brasil: a cobrança de uma assinatura em troca de acesso ilimitado a um catálogo de apps premium, com pagamento através do billing da operadora. Hoje o serviço conta com cerca de 6 milhões de assinantes na América Latina, onde é oferecido por mais de 20 operadoras (incluindo as quatro maiores do Brasil) e dois fabricantes de celulares, dentre os quais a Samsung.
Para a expansão internacional, cada mercado foi avaliado em diversos aspectos, como tamanho da base móvel; mix entre pré e pós-pagos; penetração de cartão de crédito; penetração de outros produtos da Opera, como o seu browser; penetração de smartphones etc. A Rússia e países da extinta União Soviética, assim como Índia, Paquistão e Bangladesh, estão entre aqueles mercados com maior aderência à oferta do Opera Apps Club, na avaliação de Ripper.
"Apesar das diferenças culturais, notamos mais semelhanças que diferenças (na comparação com o mercado latino-americano). A sensibildiade grande de preço e a baixa monetização nao é algo que só acontece no Brasil. E há baixa penetração de cartão de crédito em todos. Do lado dos desenvolvedores, o problema é o mesmo: registram grande volume de downloads, mas baixa monetização", descreve o executivo, que participou de um roadshow ao longo da segunda metade do ano passado para apresentar o produto a dezenas de teles na Rússia e na Ásia.
Mas há algumas diferenças regulatórias que chamam a atenção. Na Índia, por exemplo, as operadoras não podem fazer campanhas de broadcast via SMS e nem SAT push. O jeito é divulgar o serviço em um portal móvel e embarcá-lo nos handsets. E na Indonésia as teles são proibidas de oferecerem um período gratuito de degustação de um serviço de valor adicionado, relata Ripper.
A Opera vai aproveitar a popularidade de seus variados serviços nesses mercados para divulgar o Opera Apps Club. Na Índia e em Bangladesh, sua marca tem recall de 90%. Além disso, a Opera conta com 300 milhões de usuários de seu navegador móvel espalhados pelo mundo. O browser pode servir como canal para campanhas de promoção do clube de aplicativos.
Um primeiro acordo para o lançamento do Opera Apps Club já está fechado com uma operadora indiana e deve ser anunciado em breve. São esperados mais quatro anúncios na Índia e na Rússia ainda neste primeitro trimestre. Em uma segunda onda virão acordos com teles das Filipinas e da Indonésia.
A recente venda da Opera para um grupo investidor chinês, anunciada na semana passada, não altera os planos de expansão para o produto, garante Ripper.
Desenvolvedores
Entre os desenvolvedores cujos apps hoje fazem parte do catálogo do Opera Apps Club a recepção foi boa para a ideia de expandir o produto para outros continentes. Quase 90% deles já concordaram. Ripper lembra que 80% dos apps mais vendidos são os mesmos em todos os mercados. Será necessário um esforço para conquistar os desenvolvedores locais que respondem pelos 20% restantes, além da adaptação para a língua e a moeda de cada mercado.
Prêmios
O case do Apps Club foi o vencedor do Prêmio Oi Tela Viva Móvel na categoria "Entretenimento" no ano passado, tanto na escolha do júri quanto no voto popular, o que lhe garantiu a inscrição no Meffys, prêmio internacional do MEF, no qual levou o troféu na categoria "Inovação em modelo de negócios".
As inscrições para o Prêmio Oi Tela Viva Móvel deste ano foram abertas nesta segunda-feira, 15, no site do evento. A participação é gratuita. Podem concorrer cases lançados comercialmente no Brasil em 2015.