A TIM anunciou na manhã desta terça-feira, 16, algumas metas de seu plano industrial do triênio 2016-2018, mas somente durante a teleconferência de resultados da Telecom Italia, no começo da tarde, é que a companhia detalhou alguns desses processos. O CEO da controladora, Marco Patuano, observou que o Brasil passa por uma fase delicada por um momento econômico e político de turbulência. "Estamos cuidando disso, consideramos e somos racionais", disse ele. E isso será feito com a autossuficiência: a operadora brasileira será a responsável pelo montante de investimentos previsto para o período, tirando o dinheiro do próprio bolso. "Queremos fazer uma reviravolta dos negócios, e a companhia vai financiar o programa do Capex ela mesma", declarou.
Para tanto, Patuano espera que a TIM aumente a eficiência operacional e financeira e consiga voltar a ter crescimento de receita com o desempenho de dados em clientes de médio e alto valor, especialmente no pós-pago e com o LTE. Outra medida será a de economizar com custos trabalhistas – o presidente da TIM Brasil, Rodrigo Abreu, estima em R$ 100 milhões por ano em redução de custos na área profissional. "Uma das coisas mais impactadas pela inflação é a de custo de trabalho, sabemos que é algo que impacta em qualquer plano de eficiência", disse ele durante a conferência. "Por isso estamos fazendo análises em eficiência e vamos reduzir para mais de R$ 100 milhões ao ano com corte de custos de trabalho", disse, sem revelar se esse número se traduziria em demissões.
Procurada por este noticiário, a TIM não retornou até as 18h30 os pedidos de informações sobre possíveis demissões. Na semana passada, a empresa emitiu comunicado à imprensa, mas não divulgou qualquer número referente a ajustes no quadro profissional. Uma reunião com o Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Rio de Janeiro (Sinttel-RJ) para tratar do assunto estava prevista para esta terça-feira, mas, segundo o presidente da entidade, Luis Antônio Souza, o encontro foi adiado para o próximo dia 24.
Melhora no mix
A medida é uma das metas do programa de eficiência com cortes de custos em um total de R$ 1 bilhão em três anos (de 2015 a 2017). Até dezembro do ano passado, a TIM já chegara a R$ 350 milhões, segundo Abreu. O presidente da operadora cita também a melhoria a otimização e controle, com projeto "zero linhas alugadas", que diminuirá os gastos com aluguel de infraestrutura, e o projeto de racionalização de processos e automação.
Na visão do executivo, uma das medidas mais impactantes é a de continuar com a política de desconexão rigorosa: no ano passado, a empresa desligou 9,486 milhões de acessos, uma redução de 4,41% na base (total de 66,234 milhões de linhas). Abreu explica que, além de haver limpeza de base pelo fim do efeito comunidade, isso permite focar mais em acessos com maior retorno de receita. "Continuaremos a aumentar nossa base de pós-pago, melhorando o mix, e isso melhorará o ARPU", declarou.
Além de promover cortes de custos, o plano é de investir menos que os R$ 14 bilhões planejados, com uma redução gradual do Capex a partir de 2017, mas ajustada de acordo com a necessidade. "Vamos monitorar de perto o Capex, ficamos perto de R$ 4 bilhões, ou R$ 4,4 bilhões, e vamos fazer a mesma coisa em 2016", afirma Abreu. Ele destaca ainda o foco na melhora da margem EBITDA e na melhora do fluxo de caixa livre. "Estamos com a visibilidade limitada (pelas incertezas macroeconômicas e políticas), então nossa meta de longo termo é em questão de receitas, com dados virando nosso principal componente, e com um foco certeiro em aumentar a participação de receita; e no Capex, vamos sustentando, mas controlando para ficar abaixo dos R$ 14 bilhões."
Essa dinâmica pode ser resumida pela visão de Marco Patuano, da Telecom Italia, a respeito dos investimentos previstos para a operadora brasileira. "Não jogamos dinheiro pela janela, não colocamos números que podem ficar irrealistas ou simplificados, talvez porque não sejamos bravos o suficiente", declarou ele ao ressaltar que a quantia será autofinanciada pela TIM.