Existem mais de 400 milhões de usuários de celulares na América Latina e esse número deve crescer ainda mais nos próximos anos – embora em ritmo um pouco mais lento. O volume de smartphones criou um mercado que já pode ser considerado maduro para o m-commerce e a publicidade digital.

Talvez mais importante do que o crescimento do número de usuários de celulares seja a migração para redes de alta velocidade, com previsão de 80% de todos os usuários de smartphones se conectarem a redes 3G ou mais velozes até 2020, de acordo com o relatório “The Mobile Economy Latin America 2014” (A Economia da Telefonia Móvel na América Latina em 2014)", da GSMA.

Tais tendências representam uma enorme oportunidade para a América Latina e também para os anunciantes que querem estabelecer maior presença neste mercado. Mas existem desafios singulares que regiões emergentes devem considerar para intensificar seu crescimento.

O Momento Certo para a Expansão

Segundo o relatório citado acima, a GSMA diz que a "crescente aceitação de smartphones e de outros dispositivos avançados, bem como a melhoria da cobertura de rede de maior velocidade, estão permitindo o desenvolvimento de diversos novos produtos e serviços inovadores”.

Com o Brasil se preparando para sediar os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, o momento de crescimento do m-commerce na América Latina não poderia ser melhor. Atualmente, o Brasil é líder entre seus equivalentes latino-americanos em publicidade digital – componente importante neste segmento -, com quase US$ 3 bilhões em gastos anuais. Além disso, recente previsão da eMarketer atribui o sucesso do Brasil ao seu novo papel no cenário global como sede dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo da FIFA, em 2014. A classe média crescente do país também é um fator a considerar, dizem os especialistas.

Entre as oportunidades de m-commerce com a revolução digital em países emergentes estão as opções aperfeiçoadas de pagamento móvel. Por exemplo: uma empresa de pagamento via telefonia móvel anunciou recentemente que iria expandir sua presença na América Latina; isto significa desenvolver parcerias com os maiores bancos e instituições financeiras dos países e a criação de um novo aplicativo que tornará a realização de pagamentos móveis mais fácil – tanto para comerciantes como para clientes.

A conexão via smartphones abre possibilidades para compras on-line e sistemas de pagamento alternativos intensificam as o acesso dos latino-americanos às instituições financeiras e contribuem para a eliminação do que é essencialmente uma cultura que negocia apenas com dinheiro.

Além disso, vale dizer que, à medida em que o uso de celulares e dispositivos móveis se torna mais presente na América Latina, a expectativa é de aumento no comércio baseado em app. Segundo a Pyramid Research, cada vez mais empresas baseadas em telefonia móvel, como a locadora de automóveis Cabify, querem expandir para o mercado latino-americano.

Mas o m-commerce não envolve apenas as Cabifys e Ubers do mundo. Os serviços de entrega também estão crescendo consideravelmente. O Grupo Movile, multinacional brasileira líder em comércio para aplicativos móveis, tem investido, desde 2013, no iFood, serviço de entrega de comida que se tornou uma das plataformas de m-commerce mais bem sucedidos da América Latina. O app processa mais de 1 milhão de pedidos por mês e usa os dados coletados para prever os períodos mais movimentados do dia, permitindo que a empresa mapeie o número certo de trabalhadores necessários para criar um processo de entrega extremamente eficiente.¬

O futuro do m-Commerce na América Latina

Atualmente, um dos maiores desafios enfrentados pelo m-commerce e pela publicidade digital é a velocidade da rede. A maioria dos países da América Latina ainda opera com a tecnologia 2G – ou ainda mais lenta, na maioria das áreas –, o que dificulta a navegação móvel e as compras on-line.

É também um mercado jovem para o m-commerce, de acordo com o Exchange Wire. Tanto comerciantes como anunciantes estão esperando que outros assumam a liderança. No caso da publicidade digital, existe ainda a incerteza sobre a eficiência de usar celulares como ferramentas de marketing, o que acaba criando uma hesitação em usar a tecnologia. Encarar este desafio significa ter que pensar pequeno antes de pensar global. Empresas on-line são incentivadas a se concentrar primeiro nos clientes locais, aprender com seus comportamentos e hábitos de compra, e fechar parcerias com empresas e marcas locais antes de expandirem seu alcance a um público mais vasto.

Outro desafio é que a indústria de telefonia móvel também está lidando com um cenário regulatório emergente que será voltado para a promoção do crescimento e este aumento na regulamentação pode afetar o m-commerce como um modelo de negócio sustentável.

Apesar de tais obstáculos, este é um momento emocionante para o m-commerce nos países da América Latina. A GSMA prevê que o m-commerce deve gerar 1,3 milhão de empregos até 2020 e adicionar bilhões de dólares aos cofres de financiamento público nos próximos cinco anos. À medida em que o m-commerce se expande, com mais opções de pagamento via telefonia móvel para compras on-line e transações baseadas em aplicativos, as empresas ficarão mais à vontade com o uso de marketing digital como uma maneira de alcançar uma base mais ampla de clientes.

Isso não significa dizer que toda a América Latina vai abraçar as oportunidades do m-commerce ou enfrentar os desafios de forma igual. Cada país é único e tem necessidades diferentes. Um país como o Brasil tem muito maior probabilidade de incorporar o m-commerce – por conta de sua alta taxa de adoção da tecnologia móvel e crescente classe média, por exemplo – do que um país com menor penetração da telefonia móvel ou com uma população mais pobre. Mas olhando para uma perspectiva geral e para o crescimento global da migração da telefonia móvel, o futuro do m-commerce e da publicidade digital parece bastante promissor para a América Latina.

 

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