O chairman da Federal Communications Commission (FCC), Tom Wheeler, acredita que a quinta geração de redes móveis (5G) deve ser "prioridade nacional" para o governo dos Estados Unidos como foi a primeira viagem à Lua foi nos anos 60 com o governo do então presidente John F. Kennedy. Para tanto, revelou durante conferência para entidade de jornalistas nesta segunda, 20, que entregará nesta semana uma proposta à FCC de liberação de uma grande porção de espectro para permitir a inovação na 5G.
Trata-se de uma abordagem de ecossistema aberto no projeto "Fronteiras Espectrais", que será entregue aos demais conselheiros da Comissão nesta quinta-feira, 23, resultando em uma votação já no dia 14 de julho. "Se os EUA vão continuar a ser líder mundial em rede móvel, precisamos acelerar a implantação da 5G aqui, em nossas praias", disse. "E isso é importante demais porque significa que empresas americanas serão as primeiras a passar pelo portão."
O foco da 5G seria nas faixas mais altas, onde há "grandes porções de espectro para velocidades de dados super-rápidas com baixa latência, e agora estão ficando disponíveis por causa de avanços tecnológicos em computação e antenas". Isso seria possível com a liberação de cerca de 200 MHz de espectro licenciado para a banda larga móvel, além de um plano de disponibilizar 14 GHz de banda não licenciada.
Estratégia
Tom Wheeler critica a abordagem da Comissão Europeia, que no começo do ano anunciou um programa de 700 milhões de euros em incentivo para pesquisas em 5G. "Achamos que é o caminho errado a tomar, tem que deixar o espectro disponível e ficar fora do caminho para a tecnologia", declara.
Wheeler quer que as velocidades da conexão sejam equivalentes às da fibra, o que significa de dez a cem vezes mais velozes do que hoje. Mas lembra que, para chegar a grandes velocidades assim, será necessário proporcionar backbones e backhauls robustos – seja com fibra ou com redes wireless de alta capacidade, como a proposta da Verizon de uso de ondas milimétricas para backhaul.
Diz ainda que o compartilhamento de espectro (RAN Sharing) é essencial, inclusive entre serviços de satélite, de governo e a operação móvel pessoal. "Isso significa que compartilhamento será necessário entre tecnologias satelitais e terrestres, um problema que é especialmente relevante para a banda de 28 GHz". Wheeler diz propôr um equilíbrio para oferecer flexibilidade para esses serviços coexistirem na mesma faixa, mas não explicou ainda exatamente como fazer isso.
O próprio chairman da Comissão diz que pretende repetir a abordagem do governo norte-americano com a 4G. Segundo ele, os EUA seriam líderes na quarta geração com uma fórmula de "liderar o mundo em disponibilidade de espectro, encorajar e proteger a competição guiada por inovação e não atrapalhar o desenvolvimento tecnológico". É importante ressaltar que a faixa mais usada para 4G nos Estados Unidos é a de 700 MHz, embora a mais popular no mundo seja a de 1,8 GHz, presente em 104 países e 226 operadoras, representando 45% de todas as redes LTE no mundo, de acordo com dados de abril da Associação Global de Fornecedores Móveis (GSA).
Aplicações
O chairman cita como aplicações futuras a Internet das Coisas (IoT), a realidade virtual (VR) e a telemedicina, que exigem latência mínima. Exemplificou ainda a necessidade de redes robustas para carros conectados e autônomos e smart grids, que usarão grande quantidade de processamento na nuvem. Ainda assim, reconhece que a própria futura geração de rede móvel ainda não está padronizada, dizendo que "se qualquer um diz que sabe os detalhes do que a 5G vai possibilitar, dê as costas". Considera, por final, que a segurança é fundamental para essas redes futuras, e que é importante abordar esse tema diretamente nesta fase de planejamento da tecnologia.