Depois de quatro anos de altas expectativas, os jogos no Rio de Janeiro começaram. Para turistas sortudos que já garantiram ingressos para este megaevento, a experiência começa no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, cuja infraestrutura de rede inteira foi substituída a um custo de R$ 90 milhões (US$ 27,3 milhões), o que incluiu a implantação de um anel óptico de 100 km para suportar serviços sem fio e cerca de 3.000 beacons. Essa recepção é apropriada para aquele que será o evento esportivo mais avançado tecnologicamente já realizado. Se, naquele momento, a tecnologia de rede em Londres 2012 foi considerada de ponta, espere até ver o que as operadoras prepararam para esta edição, esteja você no Brasil ou assistindo a partir de qualquer lugar ao redor do globo.

Conectando pessoas

A necessidade de uma comunicação eficaz entre as pessoas durante os Jogos era esperada. Mas o desafio para permitir conectividade para todos – cidadãos, atletas e mais de 500.000 visitantes de todo o mundo – não é tarefa fácil. Para atender a essa necessidade, o Comitê Organizador fez uma parceria com a Claro Brasil, operadora parte da América Móvil, juntamente com as empresas-irmãs Embratel e NET, para melhorar os serviços existentes nas áreas específicas onde os eventos serão realizados. Eles precisavam fazê-lo e, ao mesmo tempo, assegurar que o serviço não fosse afetado para a população local. De acordo com o CTO dos Jogos, Elly Rezende, todas as infraestruturas básicas de tecnologia, incluindo o backbone de telecomunicações e soluções de conectividade, estão instaladas e funcionando.

Em contraste com os 1.500 pontos de acesso Wi-Fi que atendiam às necessidades dos Jogos de Londres, os visitantes do Rio desfrutam de 5.700 desses pontos, instalados em locais específicos dentro das áreas de competições. Para alguns desses lugares, as operadoras móveis entraram em um acordo para um sistema de antena distribuída através de redes 3G e 4G. Este foi o resultado de uma análise detalhada realizada pela Comissão Organizadora em conjunto com as operadoras, que incluiu uma projeção de congestionamento da rede em 41 locais, a fim de definir os requisitos de equipamento sem fio.

Pagamentos sem contato

A Visa entrou na onda dos jogos para testar seu anel de pagamento habilitado com NFC (comunicação de campo próximo), que a empresa vai testar com os atletas patrocinados por ela que estão na competição. O anel, que funciona com bateria e é resistente a água, inclui um microchip Gemalto e uma antena NFC, e se conecta sem contato a um cartão pré-pago Visa. Ele permite que os competidores façam compras simplesmente tocando terminais habilitados para NFC e o crédito pode ser recarregado através de um portal online.

Realidade Virtual

Segundo a publicação Variety, emissoras internacionais, como a NBC, vão transmitir 85 horas de programação em realidade virtual (VR) durante os Jogos. A cobertura inclui as cerimônias de abertura e encerramento, bem como competições de basquete, ginástica, atletismo e outras. A cobertura em realidade virtual estará disponível exclusivamente em dispositivos Samsung Gear VR e será acessada através de uma seção especial do app NBC Sports. Para visualizar o conteúdo, os usuários vão precisar de uma assinatura de TV fechada com uma emissora participante.

Destaques em movimento

Em um claro movimento voltado para "mobile-first", o Snapchat fechou um acordo com a Comcast NBC para transmitir destaques do evento através do aplicativo, marcando a primeira vez que a rede norte-americana concordou em compartilhar vídeos da competição esportiva. Enquanto isso, a empresa de mídia BuzzFeed faz a curadoria de clipes curtos e de bastidores em um canal pop-up do app, o Snapchat Discover, enquanto o Snapchat cria diariamente histórias ao vivo, utilizando o conteúdo da NBC e de atletas e fãs de esportes presentes no local. No meio tempo, fica a dúvida quanto ao que os gigantes de mídia social Twitter e Facebook têm na manga para entrar nessa briga…

Introduzindo eGames

Brasil 2016 também terá a apresentação de eGames, um torneio esportivo virtual que, a partir dos Jogos de Inverno de 2018, vai acontecer paralelamente ao evento principal. A competição será supervisionada pelo recém-criado Comitê Internacional de eGames, uma organização sem fins lucrativos “criada com o objetivo de moldar positivamente o futuro de jogos competitivos". De acordo com a revista Wired, "os eGames serão realizados após o final de cada competição, mas ocorrem nas mesmas arenas, com equipes que competirão pelo orgulho nacional e medalhas – as tradicionais ouro, prata e bronze."

Rio em 4K

Uma série de empresas, incluindo AT&T/Direct TV, Dish e Comcast nos EUA, e a NHK no Japão estão entregando conteúdo 4K aos clientes que estiverem assistindo as competições em casa. Isto inclui as cerimônias de abertura e encerramento, eventos selecionados e, em alguns casos, informação interativa. Os telespectadores vão quase sentir como se estivessem no Rio desfrutando dos jogos.

Navegando no Rio

Os Jogos oferecem uma oportunidade também para OTTs aumentarem suas receitas e quotas de mercado. Graças ao Google, os fãs são capazes de entrar em qualquer local de jogo através do Google Street View. Isto lhes proporciona uma visão 360º de todos os estádios, arenas e piscinas. O app de transporte público Moovit oferece opções de navegação, com o lançamento de um aplicativo oficial que inclui a integração com Uber. O aplicativo é projetado para ajudar os visitantes a chegar a tempo nos locais, identificando as rotas mais rápidas de um evento para o outro. O aplicativo inclui ainda o mapeamento de 50 km de novas linhas de transporte público com informações de trânsito. A companhia também adicionou mais motoristas que falam Inglês, a fim de proporcionar uma melhor experiência aos turistas.

O aumento de uso desses aplicativos vai agradar as prestadoras de serviços, com o aumento do consumo de dados. Isso vai além da disponibilidade de 5.700 pontos Wi-Fi em toda a cidade, que apesar de serem livres, não conseguem competir em termos de velocidade e segurança.

Desafios

Ao implantar algumas das tecnologias mais avançadas disponíveis hoje, prestadores de serviços, desenvolvedores e a cidade do Rio estão todos determinados em transformar esses jogos no evento esportivo mais espetacular de todos os tempos – em termos de segurança, experiência e conforto. E todos em nossa indústria querem uma fatia do bolo. Então, para evitar perder uma experiência de consumo incrível, os usuários devem ter seus celulares, planos de dados e bolsos prontos.

Mas, para os prestadores de serviços, nem tudo serão flores. Eles terão de lidar com uma série de desafios, tais como um aumento dramático nas vendas de cartão SIM, seguido pelo churn (evasão de clientes) correspondente um mês depois. As operadoras também terão de garantir células e estações base de rádio suficientes para atender à altíssima demanda por dados e conexões de voz.

Assim, na competição entre os prestadores de serviços, aplicativos e provedores de transmissão, a corrida agora é para determinar quem vai levar o ouro para casa. Mas, independentemente do vencedor, a vitória final será o futuro: os usuários serão beneficiados com todos os avanços tecnológicos ao longo do caminho.

 

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