Os smartphones estão ganhando uma nova função: substituir os scanners no processo de digitalização de documentos para o setor financeiro. Aos poucos, bancos e seguradoras começam a adotar dentro de seus apps tecnologia para a captura de imagens de documentos necessários para processos diversos, desde a abertura de contas até a comunicação de sinistros, passando pelo depósito de cheques e cadastro de clientes. Serve de exemplo o caso da brasileira M2Sys, especializada há dez anos em automação de processamento de imagens para o setor financeiro: a empresa está trabalhando em três projetos de bancos diferentes que vão oferecer abertura de conta através do smartphone e prevê em breve a adoção do smartphone para a comunicação de sinistros e para a contratação de crédito imobiliário. Hoje, a M2Sys processa 4 milhões de imagens por mês, quase tudo oriundo de scanners dos bancos. No ano que vem, projeta dobrar esse volume, chegando a 8 milhões por mês, dos quais metade virão de smartphones.
Hoje, os documentos enviados pelos bancos para a abertura de contas e outros procedimentos são escaneados nas agências. A M2Sys se encarrega de configurar os scanners para que produzam imagens com a melhor legibilidade possível por seus softwares, mas que, ao mesmo tempo, não sejam pesadas, para não sobrecarregar a rede. Em geral, ajustam-se parâmetros como brilho e contraste, para otimizar ao máximo o processo de extração e análise dos dados, que é feito em centrais da M2Sys em Curitiba e Brasília. A empresa precisa verificar se os documentos atendem a todas as regras exigidas para cada processo, assim como assegurar a integridade dos dados, e devolver aos bancos, geralmente no mesmo dia. Uma abertura de conta, por exemplo, envolve mais de 300 regras, incluindo checagem de possíveis fraudes e verificação de todas as exigências do Banco Central. As informações são confrontadas com bancos de dados de terceiros, como a Receita Federal, para garantir a validade dos documentos. Tudo o que os softwares não conseguem checar é transferido para a verificação humana. Em média, hoje, 60% do processamento é feito de maneira automatizada na M2Sys. No caso de códigos de cheques, por exemplo, a automação chega a 97,5%. Dez anos atrás era de 80%. A verificação de documentos de identidade, por sua vez, tem hoje 53% de automação e cinco anos atrás era de 30%, relata Roberto Schmaltz, diretor executivo da M2Sys. Ou seja, a automação avança conforme a empresa aperfeiçoa a sua tecnologia. Agora, porém, o desafio da M2Sys é transferir parte desse processo para dentro dos smartphones dos usuários finais, ou seja, dos clientes dos seus clientes. É, portanto, uma tendência de desentralização da captura das imagens dos documentos.
"Percebemos isso três anos atrás, quando entendemos que o processo iria migrar do scanner para o smartphone ou tablet. Só que as imagens são muito pesadas, com resoluções fantásticas. As câmeras desses aparelhos foram feitas para fotos, não para processos. E aí fomos desenvolvendo e buscando ferramentas para converter imagem de foto para uma imagem adequada aos nossos processos, com a melhor qualdiade no menor tamanho possível para extrair informações", relata Schmaltz. A empresa investiu cerca de R$ 1,5 milhão em pesquisa e desenvolvimento ao longo dos últimos três anos na criação de uma solução para ser embarcada nos apps de bancos para fazer essa conversão de imagem, antes do envio para as suas centrais. Além da captura dos documentos, em breve parte da extração das informações acontecerá no próprio smartphone: a M2Sys criou também uma solução de OCR (Optical Character Recognition) para reconhecimento de caracteres dentro dos apps das instituições financeiras.
Quanto mais puder ser feito na ponta, ou seja, no smartphone do consumidor, menor será o trabalho de processamento nas centrais da M2Sys. Pelo andar da carruagem, em pouco tempo o smartphone se tornará a principal fonte de captura de documentos para o setor financeiro no Brasil.
Roberto Schmaltz, diretor executivo da M2Sys
Forum Mobile+
A adoção de tecnologias móveis pelos bancos será tema de painel no 9o Forum Mobile+, evento que acontecerá nos dias 4 e 5 de outubro, no auditório do WTC, em São Paulo. Para o referido painel já estão confirmadas as participações de Marco Mastroeni, diretor de negócios digitais do Banco do Brasil, e de João Vitor Menin, presidente do Banco Intermedium.
O primeiro dia do evento será dedicado a comércio móvel no Brasil e contará com painéis sobre apps de sharing economy, estratégia mobile do varejo físico e uso de mobile marketing pelo varejo, além da divulgação em primeira mão dos resultados da nova edição da pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box – Comércio Móvel no Brasil. O segundo dia será voltado para serviços financeiros móveis e terá painéis sobre fintechs no Brasil; a estratégia dos bancos em mobile; e novos meios de autenticação pelo celular.
Entre os palestrantes confirmados já há CEOs e diretores de empresas e entidades como Oi, Vivo, TIM, Banco Neon, GuiaBolso, GSMA, Easy Taxi, McDonald´s, Ipiranga, Koni Store, SumUp, Blablacar, eSEC, entre outras. A programação atualizada está disponível no site do evento: www.forummobile.com.br.
O Forum Mobile+ é organizado pela Converge Comunicações e promovido por seus veículos MOBILE TIME, TELETIME e TI INSIDE. As inscrições podem ser feitas no site do evento ou pelos telefones 0800-77-15-028 e 11-3138-4619 (entre 10h e 18h).