A entrada dos robôs na indústria não será prejudicial aos empregos dos humanos, assim como não haverá um apocalipse com os robôs superando as pessoas. Essa é a visão do professor Edson Prestes, especialista em robótica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que visualiza as máquinas como substitutos de atividades puramente mecânicas.
“Os robôs vieram para ficar e para melhorar a vida das pessoas. Não existe essa história de apocalipse robótico”, diz o professor da UFRGS, Edos Prestes, em conversa com o Mobile Time. “Os robôs podem substituir atividades específicas. O relacionamento entre as pessoas e outras funções que dependem do raciocínio ainda vão existir. A história do ‘apocalipse de robôs’ e fim dos empregos foi a mesma contada com os computadores. Alguns empregos sumiram, sim. Mas não foi um cenário caótico”.
Ainda assim, Prestes vê na entrada da robótica outros problemas como ética e valores, que precisam ser debatidos mais profundamente pela sociedade. Ele dá como exemplo a dependência que as pessoas que terão com os robôs; o ganho de autoridade dos robôs sobre as pessoas; a perda da privacidade de dados e proteção com as máquinas coletando dados o tempo todo; a possível destruição da propriedade privada; e comportamentos imorais.
“Queremos uma interação fluída com os robôs. Temos que estudar todas as áreas, como moral, ética e legislação. Temos que olhar mais os valores (bem-estar, privacidade, liberdade, autonomia, confiança e consentimento) se quisermos avançar com a robótica”, afirmou Prestes. "Não dá para saber se o robô é bom ou não. O robô não pode ter a mesma responsabilidade de um ser humano“, ressaltou. “O robô precisa ser visto pela sociedade como uma criança. Se um acidente acontece, o robô não é culpado. Mas as regras precisam definir se é a provedor, fabricante ou outro player”.
Como parte do desenvolvimento da robótica na sociedade, o professor tornou-se líder de um grupo do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), o P7007, que estuda a entrada das máquinas na sociedade com foco na criação de um guia para design ético, padrão de regras para policy makers, vocabulário para relacionamento homem máquina e design para empresas. Atualmente mais de 120 membros de diversos países fazem parte do grupo, incluindo o Brasil.
Embora afirme que poucos empregos vão desaparecer, Prestes acredita que pode ser necessário estipular uma renda mínima para os seres humanos, de forma a ajudar parte da população que não consegue emprego com a entrada dos robôs nas empresas.