Após confirmar o desligamento da rede iDen, a Nextel foca em outros negócios. Enquanto não apresenta o plano estratégico para os próximos anos, o CEO da operadora, Roberto Rittes, revela que os próximos passos vão na direção de aplicativos over-the-top (OTT), empresas que até então eram vistas como vilãs pela maioria das teles.
“A mudança é uma combinação de oportunidades e ameaças. Nós, como operadoras, temos uma visão negativa em relação às OTTs. A grande perda que tivemos foi com o tráfego de voz, que migrou para o WhatApp, por exemplo. É culpa deles? Não. O SMS parou no tempo. Por outro lado, tivemos ganhos. Hoje, os dados são a principal fonte de receita de todas as operadoras”, disse Rittes, durante palestra na décima edição do Seminário Telcomp, nesta terça-feira, 7, em São Paulo.
“No lugar de brigar, nós não podemos fazer parcerias com as OTTs? Podemos ser um smart pipe para eles: ajudar com cobrança (billing) – o Google Play sofre com isso –, e melhorar a experiência do usuário com o nosso conhecimento técnico, por exemplo. Com a nossa experiência de recompensas (rewards) podemos, inclusive, apoiá-los na atração de novos usuários, uma vez que eles gastam milhões de dólares com marketing para atrair downloads, e nós podemos ajudá-los a conseguir esses downloads”, completou. “Nós queremos estar próximos das OTTs, mais parceiros”.
Lição de casa
Rittes afirmou que a Nextel também precisa fazer sua lição de casa. Lembrou que o iDen era sua diferenciação, mas que pararam no tempo e trouxeram dificuldades para o negócio. Agora, mais enxuta, ele crê que o caminho da operadora é a diferenciação e a melhoria em certos quesitos, como, por exemplo, o atendimento ao cliente por meio de novas plataformas.
“Fiquei seis anos fora de telecom e hoje tenho a visão do usuário. As operadoras são boas, mas pecam no atendimento ao cliente. Atendimento tem um custo significativo, mas é importante. Podemos criar um modelo com app, voz com inteligência artificial, enfim, diversas interfaces que vão criar um modelo mais barato.”
Quando perguntado poe Mobile Time sobre a importância do PLC 79 para este novo cenário da companhia, o gestor ressaltou que, embora não seja ideal, o PLC já abre novos caminhos para um novo marco regulatório. No entanto, Roberto Rittes acredita que alguns pontos precisam ser discutidos e revistos, como, por exemplo, os quesitos de qualidade que ficaram ultrapassados. O executivo citou o “completamento de chamada”, métrica que analisa se a ligação foi terminada. O CEO lembra que algumas pessoas preferem não atender e usar justamente OTTs como WhatsApp e Telegram para fazer suas comunicações.