Uma das maiores barreiras para o consumo de aplicativos e bens virtuais in-app no Brasil é a baixa penetração de cartões de crédito no País. Uma parcela considerável da base de usuários móveis brasileiros não possui esse meio de pagamento, especialmente aqueles com linhas pré-pagas, que representam 66% da base nacional. De acordo com a mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre uso de apps, somente 13% dos internautas brasileiros com smartphone já pagaram pelo download de um aplicativo e 46% já fizeram compras in-app. Essa barreira do meio de pagamento está prestes a cair graças à inclusão do carrier billing (pagamento através da conta telefônica ou descontando dos créditos pré-pagos) na Google Play. Um primeiro projeto deve entrar no ar com pelo menos uma operadora no ano que vem no Brasil, revela Fernando Dias, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Bango na América Latina.

"Muita gente não compra porque não é bancarizada. Não tem como você ser cliente da minha loja se eu não aceitar o seu meio de pagamento. A partir do momento que aceito, você passa a ser um cliente em potencial", explica o executivo. A Bango faz justamente a ponte entre as operadoras móveis e os provedores de serviços digitais para viabilizar o pagamento por carrier billing. Ela está integrada a mais de 100 operadoras no mundo, sendo duas no Brasil – os nomes não podem ser divulgados por enquanto. Entre os provedores de serviços digitais, a Bango tem parcerias com Google, Microsoft e Amazon ao redor do mundo. Agora, a empresa entende que chegou a hora de crescer na América Latina. Depois do sucesso no México, onde é parceira da AT&T e do Google, a Bango abriu escritórios no Brasil e na Colômbia. Neste momento, tem nove projetos em andamento na América Latina, sendo dois deles no Brasil. O foco está em oferecer carrier billing para Google e Microsoft na região. Cada projeto corresponde ao casamento entre uma operadora e um serviço digital.

A queda nas receitas de voz, SMS e serviços de valor adicionado está levando as operadoras móveis latino-americanas a buscarem essas parcerias com as lojas de aplicativos. Antes, as teles se recusavam a ceder no seu percentual de compartilhamento de receita em conteúdos digitais, que dificilmente ficava abaixo de 50%. Como as lojas de aplicativos entregam 70% para os desenvolvedores, o acordo ficava inviável. Agora o contexto mudou e as teles aceitam ficar com uma parte dos 30% que são divididos também entre a Bango e a loja de aplicativos.

"As teles estão mais flexíveis. Antes não tinham necessidade de chegar a um acordo. Agora que a receita cai de um lado, elas precisam botar no outro", analisa Dias. E completa: "Ninguém mais compra pacote de minutos interurbanos. O consumidor quer comprar o Mario Run, o Microsoft Word ou o Tinder, para paquerar. Acho que as operadoras que não oferecerem (carrier billing em lojas de aplicativos) vão perder usuários."

O vice-presidente da Bango estima que cada projeto deve render em média aproximadamente US$ 4 milhões de receita nova para cada operadora. Do lado das lojas de aplicativos, o crescimento do faturamento mensal nos mercados emergentes com carrier billing gira em torno  de 80% nos primeiros três meses. "Mas depende da campanha de mídia que for feita pela operadora e pela loja para divulgar a novidade", ressalva.

 

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