O Google anunciou hoje um passo importante na sua estratégia de consolidar o padrão de mensageria RCS entre as operadoras móveis na América Latina. A empresa confirmou que chegou a um acordo com quatro grupos que atuam na região para a adoção dessa tecnologia usando a sua solução: América Móvil, Telefônica, Oi e AT&T. Vale lembrar que as duas primeiras são donas da Claro e da Vivo, respectivamente, e representam os dois maiores grupos de telefonia móvel na região. O acordo com a norte-americana AT&T se refere à sua operação no México.

A primeira a adotar o RCS do Google é a Telcel, operadora da América Móvil, no México. No Brasil, a expectativa é de que pelo menos uma das três mencionadas consiga lança já no primeiro trimestre de 2018, conforme antecipado recentemente por MOBILE TIME.

O RCS é um novo padrão para o envio de mensagens multimídia pela rede das operadoras celulares, substituindo os atuais sistemas de SMS e de MMS. Para o usuário final o funcionamento se assemelha àquele dos aplicativos over the top de mensagens: permite, por exemplo, a troca de fotos, de vídeos, de áudios, de gifs animados, além de informar se o destinatário recebeu e se leu a mensagem. No caso do Google, o serviço funciona por meio de um app chamado Android Mensagens (Android), que já vem embarcado em muitos aparelhos Android e pode ser baixado pela Google Play. Vale lembrar que a Apple ainda não adaptou o iMessage, seu app de mensagens, para RCS.

A2P

Com o RCS, é esperada uma revolução principalmente na comunicação móvel entre marcas e consumidores, que hoje acontece por SMS. A evolução para o RCS permitirá que as marcas enriqueçam esse contato, incluindo imagens e vídeos nas mensagens, além de seu logotipo e nome no remetente, em vez de um número de large account. Uma companhia aérea, por exemplo, poderia enviar o cartão de embarque para o passageiro. As operadoras móveis também poderão melhorar a comunicação com seus assinantes nos diversos contatos que fazem, como quando acaba a franquia de dados ou na oferta de serviços de valor adicionado (SVA).

Vários integradores de SMS da América Latina vêm testando o RCS junto com o Google, como Movile e Zenvia. O modelo de negócios com os integradores e o preço das mensagens A2P (Application to Peer) ainda não foram definidos, contudo.

Em sua solução de RCS, é o Google quem cuida do roteamento das mensagens, através do Jibe Hub, uma plataforma fora da rede das operadoras, mas integrada a estas. A vantagem é que as teles não precisam realizar um investimento em sistemas de RCS. Na verdade, sequer precisam pagar pelo uso do Jibe Hub para o Google, ao menos por enquanto. A ideia é realizar testes gratuitos com serviços A2P por até 12 meses, informa uma fonte.

De acordo com a mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria no Brasil, 55% dos internautas brasileiros com smartphone declaram que recebem SMS todo dia ou quase todo dia. E 58% afirmam que recebem mais mensagens de empresas que de pessoas.

Análise

Alguns pontos para reflexão:

1) O acordo com quatro grandes grupos, incluindo os dois maiores da América Latina, fortalece o posicionamento do Google nesse serviço e deve facilitar a adesão de outras teles.

2) O Google e as operadoras parceiras precisam correr contra o tempo, ou melhor, contra o WhatsApp. O serviço de mensageria over the top (OTT) é o seu maior adversário, por ser o mais popular do gênero na América Latina. Hoje, o WhatsApp está disponível apenas para troca de mensagens entre usuários, mas há poucos meses começou a testar uma solução de contas verificadas para empresas. Se essa solução for lançada oficialmente para todo o mercado é esperado que muitas marcas abandonem ou diminuam drasticamente o uso do SMS e migrem para o WhatsApp. Ou seja, Google e teles precisam implementar o RCS o quanto antes para terem mais chance nessa disputa. Timing é crucial.

3) Em conversas informais, notava-se alguma resistência por parte de operadoras em entregar a operação do RCS para o Google e ter que dividir com a empresa a receita A2P. Pelo visto, a resistência foi quebrada. Mas ainda falta desenhar o modelo de negócios e o preço das mensagens.

 

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