De acordo com estatísticas coletadas e divulgadas pelo Google, o acesso mundial ao seu conteúdo em IPv6 mais do que dobrou desde junho deste ano, quando ocorreu o IPv6 World Launch. Embora ainda represente apenas cerca de 1% do total de acessos, os números claramente acenam para um crescimento no uso do novo protocolo de Internet.
Ainda que os usuários sejam poucos, já existe bastante informação em IPv6. O conteúdo de websites como Google, Facebook, Terra, UOL, entre outros, já está disponível. Mas como está o acesso para o usuário?
Vivemos o momento de implantação das redes LTE na América Latina. Mundialmente, já são mais de 253 redes LTE comerciais ou em implantação em 84 países. E esse número continua crescendo. Nos próximos cinco anos, espera-se um crescimento anual de mais de 90% ao ano na quantidade de usuários e na receita dessas redes. Mas o que as redes 4G tem a ver com o IPv6? Tudo!
O 3GPP (3rd Generation Partnership Project), organização que define padrões para redes móveis, recomenda (e, em alguns casos, torna mandatória) a implementação do IPv6 nas redes móveis. Por exemplo, o release 10 do 3GPP prevê que o dispositivo do usuário (UE) trabalhe como um roteador móvel, atribuindo endereços IPv6 /64 para usuários finais. A indústria de telecomunicações cada vez mais está preocupada com a escassez de endereços IPv4 e recomenda que novas redes, caso do LTE, sejam construídas considerando o IPv6 como protocolo de rede.
Não basta, no entanto, pensarmos na implementação do IPv6 para partes isoladas da rede 4G. Todos os componentes devem suportar o protocolo. O core da rede 4G (PGW, SGW, MME, HSS) deve ser capaz de tratar os contextos PDP (Packet Data Protocol) IPv6. O elementos de tarifação (billing) devem fazer mediação e processar CDR IPv6, assim como os equipamentos envolvidos no controle de políticas, como PCRF e Quota Server/Charging GW. A regra não é diferente para os equipamentos de segurança (firewall), DNS, WAP, portais de autenticação e o core MPLS. Contudo, os equipamentos do usuário final estão preparados para se conectarem à rede 4G IPv6?
O último estudo VNI, da Cisco, estima que, em 2016, cerca de 71% dos dispositivos móveis terão suporte ao IPv6. Ou seja, mais de 1,6 bilhão de equipamentos. Em 2011, 38% dos tablets e smartphones lançados no mercado já tinham suporte ao IPv6.
A Verizon Wireless é um exemplo de operadora que oferece IPv6 nas conexões de dados dos seus clientes LTE. Já são mais de 370 cidades cobertas e 8 milhões de assinantes com total conectividade IPv6 (dados do relatório do primeiro trimestre 2012 publicado pela operadora).
As redes LTE na América Latina estão sendo construídas, o que faz deste o momento ideal para se adotar o IPv6, preservando um investimento que, se não for feito agora, terá de ser realizado em pouco tempo.
O IPv6 não é apenas mais uma funcionalidade. Trata-se do protocolo de camada de rede básica da internet nos próximos anos, que garantirá a continuidade dos negócios, do crescimento da base de assinantes e, por que não, de novas oportunidades, como M2M, comunidades inteligentes e LTE SmartGrid.