Setembro começou recheado de novidades para o mercado de smartphones e tablets. Depois de Nokia e Motorola/Google anunciarem seus novos celulares e a Amazon lançar as suas novidades em e-readers e tablets, foi a vez da Apple apresentar os novos iPods, um renovado iTunes e o tão esperado iPhone 5.

O anúncio aconteceu bem ao estilo Apple: preciso, permeado por vídeos e revelando um iPhone completamente novo, mas com a mesma familiaridade do modelo antecessor. E, como acontece todos os anos, analistas e especialistas se dividiram entre os que aprovaram o lançamento, considerando-o uma grande evolução, e os que tiveram uma grande decepção, com previsões assustadoras sobre o fim do mundo!

As discussões não se limitaram ao quesito evolução ou revolução. O debate agora inclui o declínio da empresa, um ano após a morte de Steve Jobs, o maestro por trás dos muitos talentos da companhia. Dentre os argumentos estão o medo de inovar e a falta de ideias.

Mas o fato é que a Apple continua sendo exatamente a mesma, e novo iPhone 5 é a prova disso. Enquanto o mercado continua anunciando smartphones com uma lista de especificações técnicas sem sentido, tentando esconder que a grande maioria roda o mesmo sistema operacional – que estará obsoleto em menos de um ano –, a Apple lançou um iPhone completamente novo, mas alinhado com os conceitos de design e usabilidade em que acredita e aplica em todos os seus produtos. Basta analisar o que ela adicionou ao novo aparelho e o que ela deixou de fora:

Tela de 4 polegadas
Existe uma corrida no mercado de smartphones para lançar aparelhos com telas cada vez maiores – e aparentemente, para alguns fabricantes, o céu é o limite. Para a Apple, o limite são as mãos. Aliás, é bem simples: o usuário precisa conseguir operar o aparelho precisamente com uma só mão. Na minha opinião, esse limite gera um ganho a mais: eu não preciso de calças com bolsos maiores, ou voltar a pendurar meu telefone gigante no cinto, como fazia com meu antigo Motorola PT 950, no início da telefonia celular no Brasil.

O que a Apple fez foi aumentar levemente a altura da tela, sem comprometer a usabilidade com uma só mão. A mudança, apesar de pequena, gera mais espaço para as aplicações e permite que filmes em formato HD rodem no novo iPhone em tela cheia, sem a necessidades das barras pretas.

Existe uma teoria de que a Apple aumentou a tela do iPhone por causa das pressões dos concorrentes, o que pode muito bem ter acontecido. Mas também pode ser que o aumento tenha a ver com o tamanho da bateria necessário para a nova geração de comunicação de celulares (4G LTE). Seja qual for o real motivo, a Apple manteve os conceitos de usabilidade que criou com o primeiro iPhone e colocou o usuário em primeiro lugar.

Corpo de alumínio
Usando toda a experiência de trabalhar com alumínio, a Apple redesenhou o aparelho do zero, criando um corpo completamente novo, todo em alumínio e vidro. A empresa também redesenhou os processos de produção do aparelho, para garantir alinhamento perfeito entre as peças. Tudo isso gerou um aparelho mais leve, mais fino e mais resistente, mesmo tendo tela e bateria maiores.

Maior velocidade e menos consumo
A empresa colocou um novo processador, duas vezes mais rápido que o antecessor, novos protocolos de comunicação que consomem mais bateria e uma tela maior. Mesmo assim, conseguiu menos consumo de bateria. O segredo aqui é a integração: a Apple desenhou seu próprio processador e trabalhou muito próxima de seus parceiros para criar chips customizados que atendam exatamente às necessidades de seu design, e não o contrário.

4G LTE
O ano passado, a Apple foi criticada por não colocar a rede 4G LTE no iPhone 4S. A justificativa da empresa foi simples e direta: os chips LTE consumiam muita bateria, e a maioria dos mercados não tinha LTE instalada. Em 2012, após um ano de evolução do sistema, os chips consomem menos bateria e, pelo menos aqui nos Estados Unidos, a rede 4G LTE está começando a crescer. Foi por isso que a companhia decidiu somente agora adotar a tecnologia. A decisão foi aplaudida pelos analistas, apesar deo mercado de 4G LTE instalado ainda ser pequeno e de o protocolo LTE ser muito mais complexo e bagunçado do que o 3G. Estima-se que no mundo, hoje, existam 14 milhões de usuários da rede, contra cerca de 1 bilhão de usuário de 3G.

NFC (Near field communication)
Essa é mais uma prova clara de que a Apple continua sendo a mesma. NFC é um novo formato de comunicação, com troca de informações por proximidade. O formato tem sido vendido como o futuro das transações comerciais, e grandes empresas como Google, Mastercard e Visa tem testado o modelo. A maioria dos novos smartphones com Android, ou pelo menos os mais caros, vêm com NFC, mas a Apple decidiu não incluir NFC no novo iPhone. Por que? Porque a Apple não adiciona novas tecnologias às suas plataformas se não acreditar que elas irão beneficiar o usuário.

O problema com NFC é que ele está no estágio que estava o LTE no ano passado. Muito se fala da tecnologia, mas existe pouca adoção no mundo real. Curiosamente, iniciativas como a da Square, que processa transações de todos os cartões de crédito através de qualquer smartphone ou tablet, estão fazendo muito mais sucesso no mercado e crescendo muito mais rápido que NFC.

Pode ser que a solução evolua e cresça no mercado, e quem sabe possamos, finalmente, aposentar nossos cartões de crédito e andar só com o smartphone. Porém, a realidade é que hoje NFC se limita a projetos experimentais e à troca de fotos nos novos aparelhos da Samsung. E isso ainda é muito pouco para adicionar mais complexidade e consumo de bateria no novo iPhone.

Earpods
Como se não bastasse o redesenho do iPhone 5, a Apple lançou também o novo par de fones de ouvido que acompanhará iPhones e iPods, resultado de três anos de pesquisa e desenvolvimento. A empresa moldou centenas de ouvidos diferentes e criou mais de 100 protótipos até chegar ao resultado final. Tudo para que o usuário de seus produtos possa ouvir suas músicas com mais fidelidade e conforto.

Existem ainda outras alterações, como o novo conector, menor, mais inteligente e mais simples de usar, além do lançamento do iOS 6, a alma do novo iPhone 5, que traz centenas de novidades, incluindo um agregador de ingressos e bilhetes, chamado Passbook, que promete integrar passagens aéreas, ingressos de cinema, cartões de fidelidade. E tem muito mais: o novo aplicativo de mapas, com navegação "curva-a-curva" (torçamos para que chegue logo ao Brasil), integração total com Facebook e Twitter, o uso do Facetime (video conferência) pela rede 3G/4G e inúmeras melhorias que não caberiam aqui, em todas as áreas do sistema.

O iPhone 5 é mais do que uma evolução: ele é a prova de que a Apple continua mantendo o foco em seus consumidores. A empresa trouxe um aparelho completamente novo, sem jogar fora o que o iPhone tem de melhor. E continua investindo em inovação – não pela inovação, mas para melhorar a vida de seus milhões de usuários.

 

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