O mundo das empresas produtoras de software vem se renovando e revolucionando constantemente. Mais recentemente, os dispositivos móveis deram uma nova “chacoalhada” no segmento.

Particularmente, eu via este mundo bem dividido em quatro grupos: softwares científicos, softwares de nichos (medicina, engenharia etc), games e softwares administrativos. Não estou afirmando categoricamente que é assim. Apenas se trata de minha percepção. Admito que seja passível de discussão. Mas, seguindo esta linha de raciocínio, o que os dispositivos móveis estão fazendo agora é criar um novo grupo de demanda para os desenvolvedores: aplicações para usuários domésticos. É a tal da inclusão digital na prática, trazendo para o dia-a-dia das “pessoas comuns” a possibilidade de ter dispositivos eletrônicos e software para atender as suas necessidades pessoais (como ouvir música, ver TV, ler notícias, conversar etc).

Pois bem: pressupondo que as afirmações acima sejam verdadeiras, o que elas têm a ver com o cotidiano do desenvolvimento de softwares administrativos? Resposta: Tem a ver justamente com o fato de compreendermos essas diferenças e entendermos onde estamos e qual é o nosso papel nesse cenário.Muitos desenvolvedores de sistemas administrativos estão despendendo bastante esforço (aqui, esforço = tempo + dinheiro) para encontrar formas de pegar a sua solução grande, complexa, evoluída, cheia de know-how e empacotá-la de tal forma que caiba nos pequenos dispositivos que freqüentam as mãos e bolsos dos usuários. E também estão ávidos em dominar toda nova tecnologia agora disponível, tentando encaixá-la como “evolução” e “diferencial” de seus produtos. A palavra de ordem é estar atualizado e moderno. A pergunta que eu quero fazer é: será realmente necessário tudo isso?

De todos os gráficos – entre eles o Gartner, Forrester entre outros – que eu já vi, o único que me convenceu de imediato foi o que mede a nossa reação (pessoal e corporativa) em relação às novidades tecnológicas.

Vamos pegar, só como exemplo, um recurso presente e bastante badalado nos dispositivos modernos: os acelerômetros. Não vou me atrever a discutir a utilidade deles. Eles possuem diversas aplicações, de relevantes a divertidas. Mas, se o meu negócio for realizar uma interface de registro de pedidos de venda, eu preciso disso? Preciso me preocupar com isso? Preciso correr atrás de ferramentas que suportem isso? Isso é diferencial na hora de avaliar as ferramentas que irei adotar?

Na minha visão, não. Não é o meu papel. O nosso tipo de software (neste caso, “administrativo”) dificilmente precisará desse recurso. Para as empresas (os meus clientes) que necessitam chegar aos dispositivos móveis, o recurso que interessa mais é a mobilidade.

E para os softwares administrativos, dispositivos móveis são interfaces de entrada e saída de informações. Não temos que levar o ERP para dentro do “mobile”. Temos é que conectar a ele:

E para essa tarefa temos inúmeras ferramentas de desenvolvimento disponíveis no mercado, que permitem criar uma interface de entrada/saída conectada ao servidor de aplicações corporativo via web (HTTP). O que podemos avaliar em cada uma delas é a sua real capacidade de trabalhar com metadados e de gerar – a partir de um único projeto de desenvolvimento – aplicações que possam rodar em qualquer plataforma, ambiente ou banco de dados.

Pois, se toda vez que eu desejar criar uma aplicação para uma plataforma móvel eu tiver que fazer tudo de novo, meu cérebro vai quebrar. A minha equipe vai estressar e o caixa de nossa software house vai para o brejo.

O desenvolvimento de uma aplicação NÃO pode ser diferente do simples, fácil, direto, móvel e na nuvem. O segredo do sucesso é não complicar (mantra KISS: keep it simple, stupid).

 

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