Enquanto nos países desenvolvidos as operadoras vêm perdendo força para serviços over the top (OTT) e para lojas de aplicativos como Google Play e App Store, na América Latina elas ainda reinam absolutas. Essa é a opinião de provedores de conteúdo como EA, Terra e Naranya, que participaram nesta quarta-feira, 5, do MEF Americas, em Miami. Para Catalina Lou, diretora de vendas e marketing da EA na América Latina, um dos segredos para fazer sucesso na região é manter um relacionamento próximo com as teles locais, pois elas controlam ainda boa parte da experiência do usuário, escolhendo que aplicações recebem mais destaque em seus portais e dentro dos handsets que adquirem. "Na América Latina, as operadoras são as rainhas", disse Beatriz Nunez, diretora regional de conteúdo móvel do Terra.
Os provedores de conteúdo reclamam da divisão desigual da receita de conteúdo móvel no continente. "Na América Latina, as operadoras ganham até 75% da receita de venda de conteúdo. É o contrário da Europa e dos EUA. Isso inibe os desenvolvedores a investirem em conteúdo de qualidade", criticou Arturo Galván, CEO da Naranya. Ele apontou um ciclo vicioso: as operadoras pagam pouco, logo, os desenvolvedores não se sentem incentivados a melhorar o conteúdo, o que faz os consumidores reclamarem da qualidade e, consequentemente, gastarem menos, deixando as operadoras insatisfeitas. "As teles deveriam adotar uma divisão de receita mais saudável para o ecossistema", aconselhou o executivo. "Seria bom as teles latinas verem o que está acontecendo na Europa", concordou Catalina, da EA.