A Anistia Internacional, organização não-governamental atuante na defesa dos direitos humanos, planeja realizar o mapeamento de violações nas comunidades pacificadas do Rio de Janeiro. O projeto ainda é embrionário, mas a  ideia é que moradores dessas comunidades possam marcar no mapa virtual do aplicativo Ushahidi os locais onde ocorreram violações aos seus direitos. O acesso ao app poderá ser feito por smartphones ou por desktops conectados à internet. “Muitos moradores já têm acesso à Internet por meio do celular, sobretudo os mais jovens”, explica Maurício Santoro, assessor de Direitos Humanos da instituição.

O projeto da Anistia Internacional foi concebido em parceria com a agência de comunicação DM9 e poderá ser testado, já em 2013, durante a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Complexo da Maré. O mapeamento virtual seria parte da campanha “Somos da Maré e temos direitos”, promovida pelas Redes Maré, com apoio da Anistia Internacional e do Observatório de Favelas, desde novembro, com o objetivo de coibir a violência policial durante a ocupação. “Pretendemos que o mapeamento das violações na Maré sirva como piloto para outras comunidades”, afirma Santoro.

O mapeamento das violações pelo Ushahidi, software utilizado nas manifestações da Primavera Árabe, pode vir a ser, nas comunidades do Rio de Janeiro, um poderoso meio de denúncia e, ao mesmo tempo, para o reconhecimento dos locais onde ocorrem abusos. “O mapeamento pode ser um instrumento de trabalho fantástico para a própria polícia”, ressalta. A fim de evitar falsas postagens, o projeto pretende contar com a participação de algum integrante da Associação de Moradores da comunidade, para atuar como um editor. “A ideia não é modificar as notificações, mas somente conferir a verossimilhança do relato”, garante o assessor.

Para que o projeto se concretize, há desafios técnicos a serem enfrentados. O principal é o fato de as comunidades não serem mapeadas pelo Google Maps, ferramenta utilizada pelo Ushahidi. “Queremos avaliar se é possível usar outras plataformas que não sejam do Google Maps nesse software. As Redes Maré, por exemplo, têm mapas, mas seria preciso integrá-los ao Ushahidi”, sugere. Outra opção poderia ser o Wikimapa, da Rede Jovem.
 

 

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