A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) está estudando o desenvolvimento de um padrão para pagamentos de pessoa a pessoa (P2P ou person-to-person) e pagamentos sem contato (contactless) para o ecossistema financeiro nacional.

O presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul, João Pedro Paro Neto, explicou que o modelo apresentado pela Abecs ao regulador nacional consiste de cinco etapas:

1. Remetente inicia o pagamento
2. Instituição financeira envia o pagamento
3. A bandeira de cartão do usuário processa o pagamento
4. A instituição financeira do destinatário recebe o pagamento
5. Consumidor final recebe a quantia

“O primeiro ponto é disponibilizar uma situação 24 horas por 7 dias na semana para transferir quando quiser. Hoje, a transferência é limitada. Funciona de segunda a sexta das 8h às 17h”, relatou o presidente da Mastercard. “Com o sistema de pagamentos avançado no Brasil, é até vergonhoso ainda não termos isso, em comparação com outros países”, criticou.

Vale lembrar que WhatsApp e Google estão testando modelos de negócios P2P na Índia. Sem citar empresas, Paro Neto ressaltou que o importante para o ecossistema de finanças é não perder um mercado para “um desconhecido”: “O risco do P2P não é o competidor que conhecemos, mas aquele que não conhecemos”.

O executivo ressaltou que os próximos passos são discutir uma regulamentação do P2P, mobilizar os parceiros da indústria de pagamentos e então fazer testes com P2P, mas não citou datas ou plataformas.

Pagamento sem contato

Em relação ao pagamento contactless, o projeto é mais embrionário. Sem data ou plataformas para testes, Percival Jatobá, vice-presidente de produtos da  Brasil e líder do grupo que estudou a tecnologia, explicou que os primeiros passos são: definir um movimento coordenado da indústria, padronizar o ponto de venda, criar um fluxo de aceitação no POS, desenvolver um fluxo de aceitação de TEF, alteração do CVM (cadastro do consumidor), definir atuação do pagamento off-line, o papel dos wearables, escolher um foco (regional ou segmento comercial) e o papel dos atores envolvidos (banco, adquirentes, subadquirentes, bandeiras, comércio e consumidor).

Jatobá frisou que o pagamento contacless é a evolução natural do roadmap tecnológico que começou com cartão chipado (EMV) e chegou à tokenização dos meios de pagamentos. Além disso, o executivo da bandeira de cartões vê os pagamentos sem contato como alicerce para transformação digital, em especial nos transportes, dispositivos móveis, dispositivos vestíveis e Internet das Coisas (IoT).

Outro ponto que o VP da Visa citou são os benefícios financeiros para a geração de novos mercados e redução de custos com envio de cartões de plástico e manutenção de equipamento, que seria de 25%, segundo o modelo contacless implementado na Austrália.

Agenda Positiva

O projeto foi apresentado nesta quarta-feira, 14, durante o Congresso de Meios de Pagamentos e faz parte de uma agenda positiva, com a qual a entidade pretende chegar a 65% do market share de pagamentos privados apenas por meios eletrônicos nos próximos cinco anos e assim diminuir a circulação de dinheiro em espécie no País.

Em 2017, a Abecs estima que 23% do mercado privado teve transações realizadas por meios eletrônicos, algo que corresponde a R$ 1,3 trilhão, um crescimento de 12,6% ante 2016. Na mesma análise da Abecs, as retiradas em dinheiro somaram R$ 1 trilhão em 2017.

Além do P2P e do contacless, a agenda positiva possui incremento de alternativas de pagamentos em crédito (expansão do pagamento parcelado sem juros para 24 vezes), uso do cartão de débito para abertura de crediário e a criação de uma grade centralizada de pagamento com conceituação de subadquirentes e marketplaces.

 

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