Uma parceria entre Vivo, Ericsson e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) pretende levar conectividade e inclusão digital na região da fronteira do Brasil com a Venezuela, em Roraima. O acordo, assinado nesta quinta-feira, 15, durante encontro do Fórum Econômico Mundial, em São Paulo, pretende incluir cobertura LTE e 3G na cidade de Pacaraima e em pontos estratégicos da capital Boa Vista, especialmente para permitir serviços promovidos pelo estado para atender imigrantes venezuelanos e cidadãos brasileiros. O impacto seria sentido por 40 mil venezuelanos na capital, além de toda a população da região metropolitana, estimada em 400 mil pessoas.
Além de conectividade para os habitantes, a parceria pretende possibilitar o uso da banda larga móvel para a Polícia Federal em Boa Vista, uma vez que o órgão não consegue enviar dados dos imigrantes para Brasília por conta da Internet precária. Além disso, o projeto levará conexão ao novo Centro de Referência ao Refugiado e Migrante, atualmente em fase de instalação no campus da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e que é uma parceria com a PF e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O projeto consiste ainda em implantar um laboratório de inclusão digital, instalado na UFRR.
A Vivo levará a infraestrutura para Pacaraima por meio de enlaces de rádio. A companhia conta com fibra até Boa Vista, mas a cidade fronteiriça fica a cerca de 200 km da capital e é de difícil acesso. “A solução foi fazer quatro enlaces de rádio para ter banda larga de qualidade. A gente está usando torres da Polícia Federal e do governo para colocar rádios de micro-ondas até chegar na cidade. E quando chega lá, colocamos a estação radiobase para fazer a cobertura”, explica o presidente da Ericsson Brasil, Eduardo Ricotta.
O executivo diz que a iniciativa é da própria operadora com a fornecedora, sem participação financeira do governo ou das prefeituras envolvidas. E que não houve discussão para incluir no projeto o uso da capacidade do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), da Telebras, que atualmente está sendo colocado pelo governo brasileiro como a saída para conexões em prefeituras remotas por meio do programa Internet para Todos. “A gente fez da forma mais fácil, porque o satélite tem um custo elevado, e você não vai conseguir ter uma boa conexão para um número grande de pessoas. A gente vê como uma solução mais definitiva para o local.”
Além do fornecimento dos equipamentos para a rede da Vivo, a Ericsson também ajuda a montar os laboratórios na UFRR. “A gente vai ter dois cursos para imigrantes – um básico, para nível de escolaridade muito baixo, e outro para quem tem curso técnico e faculdade, desenvolvendo um curso mais avançado”, declara Ricotta. Assim, a fornecedora colocará na universidade roteadores e computadores para fazer o piloto.
De acordo com o presidente da Ericsson, a região de Pacaraima e Boa Vista está passando por um “estado de calamidade pública”, com entre 400 e 500 famílias venezuelanas em situação precária na cidade fronteiriça, além de 40 a 60 mil imigrantes na capital, representando de 10 a 15% da população total. O ministro do MDIC, Marcos Jorge de Lima, destaca que a rede 4G “vai possibilitar novas tecnologias que impactarão segurança, educação, políticas públicas necessárias para a fronteira”. Diz ainda que a parceria das duas empresas privadas permitirá endereçar o problema da capacitação dos imigrantes com o laboratório em Boa Vista.
O presidente da Vivo, Eduardo Navarro, destaca em comunicado que as empresas têm experiência em levar conectividade a regiões afastadas do País. “Há dez anos, por exemplo, nos juntamos para conectar Suruacá, uma comunidade isolada próxima à Santarém, no Pará, e já na região Amazônica”, lembra. “Com este projeto em Roraima, acreditamos que além de levar a oportunidade de um novo recomeço para os refugiados, também estamos levando uma conexão de qualidade para a população local”, completa.