O conteúdo por streaming tende a se tornar cada vez mais relevante para os operadores de telecomunicações, especialmente os provedores de conectividade móvel, e é essencial na estratégia das empresas, disse nesta segunda, 11, Márcio Carvalho, diretor de marketing da operadora Claro, durante o seminário Brasil Streaming, realizado em São Paulo e que é organizado pelas publicações TELETIME e TELA VIVA. Para Carvalho, é natural que os operadores móveis procurem agregar cada vez mais alternativas de conteúdo adicionando valor aos pacotes móveis. Mas ainda não existem modelos pré-estabelecidos.

Rogério Francis, diretor senior de distribuição de conteúdos da Viacom, reconhece a necessidade de distribuir os conteúdos por todas as plataformas existentes, sobretudo por plataformas móveis. Mas a Viacom, diz ele, tomou a decisão de não priorizar a venda direta desse conteúdo ao consumidor. Para ele, existem uma série de dificuldades para o modelo de D2C, começando pela necessidade de manter um canal de relacionamento direto com o consumidor (o que não acontece hoje), passando pela necessidade de manter um bom relacionamento com os parceiros tradicionais (que são os agregadores de telecomunicações) até questões regulatórias e tributárias. “Tomamos a decisão de manter a venda de nosso conteúdos pelo operador”, disse. A Viacom aposta fortemente na distribuição de conteúdos para plataformas móveis, sobretudo via apps, pois, de acordo com pesquisas internas 97% das crianças do seu público alvo usam apps (junto com a família), 70% consomem conteúdos em smartphones e passam 1,5 hora em tablets.

O painel mostrou que o empacotamento tradicional de canais que se encontra na TV por assinatura tem dado lugar a um empacotamento, por meio das platafortmas  de banda larga e móvel, a um modelo de conteúdos avulsos e/ou não-lineares nas redes e plataformas de telecomunicações. Para Jurandir Pitsch, vice-presidente de vendas para a América Latina e Caribe da SES, que globalmente já fatura 200 milhões de euros em sua atuação como  plataforma tecnológica  na distribuição de conteúdos para plataformas OTT, a tendência é que o conteúdo OTT passe a ser distribuído por todas das empresas de conectividade. No Brasil, diz ele, a insegurança regulatória e tributária estão afetando significativamente o desenvolvimento deste mercado, mas o movimento é considerado inexorável. A plataforma de distribuição da SES permite a agregação de diversos conteúdos e a distribuição centralizada via satélite para múltiplos provedores.

Marcos Bitelli, professor e advogado especialista no mercado de conteúdos e mídia, lembra que existe, no Brasil, um grande e complexo emaranhado regulatório e tributário que limitam o desenvolvimento de modelos de negócio para a distribuição de conteúdos OTT. As diferentes camadas de tributação, o enquadramento tributário diferente para cada tipo de atividade, a existência de regras para o serviço de acesso condicionado (SeAc, ou TV por assinatura), a cobrança de ICMS e ISS a depender do caso, as questões referentes à Condecine sobre conteúdos sob-demanda, tudo isso torna praticamente impossível uma decisão segura no Brasil, diz ele, e a complexidade muda dependendo do modelo (venda direta, B2B, B2B2C etc). Para o visão advogado, justamente esse cenário complexo tende a fazer com que os agregadores (hoje empresas de telecomunicações) tendam a permanecer relevantes na distribuição de conteúdos OTT, atuando como agregadores dos conteúdos.

 

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