A inteligência artificial (IA) faz parte do nosso dia a dia em funcionalidades como bots e motores de busca na web ou em aplicações com pouca visibilidade para o grande público, como proteções de segurança e plataformas de Internet das Coisas. No entanto, a próxima etapa da revolução da IA pode estar na medicina, como afirma Scott Atlas, médico e professor da Universidade de Stanford.
“O que nós esperamos com a inteligência artificial são aplicações realmente futurísticas. A empolgação é legitima. Nós veremos aplicações impactantes entre dois e cinco anos, mas ainda não estamos lá. Estamos apenas no começo. Mas, antes, é preciso fazer muita pesquisa”, disse Atlas em conversa com Mobile Time.
Conhecido como um dos principais evangelistas do futuro da saúde no mundo, o especialista crê que a utilização de dispositivos vestíveis é apenas a primeira camada da inteligência artificial e traz pouco impacto à medicina. Para ele, o “futuro” é a utilização de IA em uma outra camada, mais densa, como melhorar treinamento de profissionais de saúde, definir diagnósticos e criar novas formas no tratamento de doenças. Em especial, Atlas aponta atuações em doenças como câncer, cardiopatias, acidentes vasculares, regeneração neurológica, psiquiatria e principalmente o mal de Alzheimer.
“Podemos ver IA e aprendizado de máquina (Machine Learning ou ML, em inglês) ajudarem a melhorar no diagnóstico e na compreensão de imagens. A segunda principal área é a assistência computacional para diagnósticos, algo que já vemos em uso, mas ainda não é o ideal. Hoje, no caso do Alzheimer, é como acertar no cara e coroa”, disse o professor, que também é um dos fiéis defensores do Obamacare. De acordo com Atlas, outro campo que pode receber ajuda da IA é a educação, com o ensino automatizado.
Investimentos
Durante a entrevista, Atlas lembrou que US$ 3,6 bilhões já foram investidos em startups de saúde com base em inteligência artificial desde 2013, segundo estudo da CB Insights. Esta quantia foi distribuída em 481 acordos globais.
“Se você pensar, hoje, todas as grandes empresas que estão no Vale do Silício têm divisão de saúde. Google, Amazon, Apple, Samsung… Mas nós estamos vendo a inteligência artificial na saúde crescer em vários países. Lógico, os Estados Unidos dominam amplamente este segmento, no entanto, começamos a ver um ecossistema de startups de saúde no Brasil, na China, Índia e Europa Ocidental”, completa o médico que também é conselheiro do hub de startups da brasileira tech tools.
IA no Brasil
Sobre o futuro da inteligência artificial para a saúde no Brasil, Atlas explicou que, embora veja boas ideias e muita boa vontade dos empreendedores brasileiros, ainda faltam alguns fatores para o desenvolvimento do setor no País: “Precisamos de gente com mais experiência e de mais infraestrutura. Isto envolve uma série de necessidades como capital humano, aprender o ‘como trazer uma ideia ao mercado’, criar uma estrutura capaz de receber esses investimentos, e capacitar profissionais com conhecimento em tecnologia científica”.